A discussão acerca da alfabetização e formação de alfabetizadores luso-brasileiros norteia os debates neste livro. Ao lançar um olhar atento às realidades dos programas de Formação Continuada e seus impactos para os processos de alfabetização, esse estudo oferece argumentações e retratos que nascem das narrativas dos atores principais dessas práxis: os professores alfabetizadores.
O pano de fundo dessa obra é a história da formação docente, seus modos de preparo, reflexos e intersecções que marcaram a formação docente nesses dois países. Tudo isso narrado por aqueles que vivenciaram, na prática, duas das iniciativas governamentais voltadas a esse fim: o Programa Letra e Vida (São Paulo/Brasil) e do Programa Nacional de Ensino do Português (Portugal).
A partir das situações de acolhimento e escuta das narrativas dos participantes do estudo, o livro propõe uma discussão madura sobre a projeção e a real efetividade desses programas formativos de professoras e professores, cujo objetivo se refere à “humanização” desses educadores, mediante uma instrumentalização teórica e metodológica.
Nesses processos, o desafio posto é a criação de condições favoráveis para estudos e reflexões sobre o papel da educação escolar, evidenciando a atividade docente e a das jovens gerações.
A leitura de Tornar-se Alfabetizadora: Narrativas De Professoras Brasileiras E Portuguesas convida a leitora e o leitor a pensar sobre possibilidades de tessituras de fios e movimentos dedicados a um olhar crítico e mobilizador, em diferentes frentes. E, assim, traz à baila o debate sobre o cenário de potencialidades e desafios da escola, como lugar para abalo das certezas catalizadora de corpos e mentes.
Tornar-se Alfabetizadora apresenta uma breve história da escolarização, da alfabetização e da formação de professores. O que escutamos nas narrativas das professoras e do professor nos mostra que os tempos quase sempre foram difíceis. Ao largo dessas questões estão avanços inegáveis, mas também retrocessos.
Esse estudo e tudo o que vivemos nesta segunda década dos anos dois mil explicitam o quão voláteis são as políticas públicas para a educação. Nas práticas alfabetizadoras perduram, em muitos casos, métodos tradicionais de ensino que pouco contribuem para a formação.
Tornar-se Alfabetizadora remonta uma pesquisa que foi realizada há quase dez anos, (re)visitar modos de se alfabetizar, de se tornar alfabetizadora, de se fazer formações e de se transformar as práticas pedagógicas pode se converter em um dispositivo potente para pensarmos o agora e planejarmos o futuro. Um convite para a esperança e novas ações teóricas e práticas.