Alfredo Julien & Aldo Dinucci – Epicteto: Fragmentos E Testemunhos
Os fragmentos de Epicteto foram reunidos pela primeira vez na edição de Jacobus Scheggius do Manual de Epicteto de 1554. Esses fragmentos têm por fonte principal Estobeu, que conservou diversas sentenças atribuídas a Epicteto em suas Éclogas, riquíssima coleção de citações de filósofos da Antiguidade tematicamente organizada contendo fragmentos de inúmeras obras que se perderam. Quase nada se sabe sobre Estobeu, a não ser que viveu por volta do século VI. Suas Éclogas dividem-se em quatro livros, e foram compostas para uso de seu filho Sétimo. Os dois primeiros livros dessa obra consistem em extratos sobre as concepções dos antigos poetas e escritores a respeito da física, da dialética e da ética. O Florilegium de Sentenças de Estobeu é, na verdade, uma junção do terceiro e do quarto livros que originalmente compunham as Éclogas, e trata de temas morais, políticos, econômicos e máximas de sabedoria prática.
As sentenças aí encontradas atribuídas a Epicteto foram publicadas por Scheggius como sendo fragmentos dos quatro livros perdidos das Diatribes de Epicteto. Wolf adicionou tais fragmentos à sua edição de 1560 do Manual de Epicteto (tomo II, p. 307 ss.). As sentenças recebem aí títulos conforme o seu conteúdo. Os fragmentos reapareceram na edição de 1683 da obra de Epicteto feita por Blancard sob essa mesma forma concebida por Wolf.
Na edição de Meibomius, aos fragmentos são acrescidos aqueles presentes no Florilegium de Antônio Melissa e na obra homônima de Máximo Planudes.
Na presente edição optamos impor nova organização aos fragmentos, dividindo-os do seguinte modo: (A) fragmentos de Musônio Rufo e Epicteto, (B) fragmentos das Diatribes, das Memoráveis de Epicteto e de outros escritos de Arriano, (C) fragmentos de Epicteto citando Agripino, (D) fragmentos de Epicteto em Marco Aurélio Antonino, (E) fragmentos de Epicteto em Aulo Gélio e Arnóbio e (F) fragmentos de autoria duvidosa ou espúrios.