A poesia não se confunde com o poema, como ressalta Cândido. A primeira pode se fazer presente em uma crônica, em um quadro, dentre outras formas de manifestações artísticas, ao passo que o segundo é composição textual registrada, também dotado de poesia e materializado em consonância com o contexto histórico-literário de sua inserção.
Na contemporaneidade, à guisa de exemplo, o poema, para assim ser denominado, não necessita vincular-se às rimas, aspecto recorrente desde o Modernismo, apesar de inconcebível, no Arcadismo. Na mesma linha, verifica-se, na pós-modernidade, a existência do poema concreto, que promove verdadeira revolução ao romper com os versos, como leciona Teles.
Em um tom pós-moderno, livre, prosaico e também dado às rimas, conforme seja a preferência de cada autor, são apresentadas 24 vozes a compor, em um momento de profunda nostalgia, como tem sido a pandemia, responsável pela morte de milhares de vida pelo mundo.
Encontrar poesia, nesse padecer humano, é sentimento para o qual só se movem os poetas. Por isso, eles vivem de uma forma mais inteligente, em suas diferenças de existir. Sem apresso à forma clássica, mas também sem a negar, este livro desnuda o eu lírico que cada escritor quis dar voz, como forma de suportar a força do coronavírus, ceifando tantas vidas.
Todavia, o poderio dele não é maior que o da poesia, do instante que torna esse sofrimento, um pouco mais, resistível; dando a ele um sentido de existir. Para isso, os poetas existem.
E, assim, surgiu esta produção, buscando costurar tentações, incertezas, preocupações sociais, laços de amizade, reencontros e despedidas, travessuras, loucuras, fé… uma colcha literária de sentimentos, que recebeu o nome Poesias De Isolamento, realimentando em cada um de nós, “a esperança do verbo esperançar”, para que possamos continuar, junto a outros, todos sujeitos históricos da nossa existência, viajando no trem da vida.