
Na nossa avaliação, o momento atual nos exige seguir trabalhando temas presentes desde os primeiros anos da retomada do feminismo no Brasil, na segunda metade dos anos 1970.
Mas, ao mesmo tempo, é necessário mostrar a reflexão de como o retrocesso ideológico dos anos 1990 aprofundou os velhos e trouxe novos desafios.
Essa questão está abordada nos textos sobre violência, direito ao corpo e exclusão das mulheres na América Latina. O tema da violência tem, nos últimos anos, uma nova força de mobilização a partir da ação de vários movimentos de mulheres do campo.
No Brasil, a partir da adesão à Marcha Mundial das Mulheres, a Marcha das Margaridas tem levado esse debate para o conjunto das ações dos movimentos que organiza: sindicalistas da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), MMTR-NE (Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste), Conselho Nacional dos Seringueiros e outros.
As mulheres da Via Campesina, que já vinham trabalhando o tema em alguns de seus movimentos, como por exemplo, o Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, recentemente decidiu lançar uma campanha internacional de combate à violência sexista.
Um outro bloco trata justamente do tema do campo, sendo que o artigo sobre gênero e agricultura familiar traz o debate das relações de gênero na agricultura, tendo como centro da análise a divisão sexual do trabalho.
O segundo artigo em relação a esse tema trata dos transgênicos, e por que as mulheres dizem não a eles. A luta contra os transgênicos é estratégica para o enfrentamento do modelo de dominação capitalista hoje, e essa resistência é feita por vários movimentos do campo que constroem sua alternativa a partir da proposta de soberania alimentar.
As mulheres da Via Campesina são, hoje, as protagonistas da campanha
Sementes são Patrimônio da Humanidade. Outro tema abordado é em relação às políticas públicas. O artigo aborda critérios gerais para se pensarem políticas públicas que contribuam para a construção da igualdade entre homens e mulheres.
Feminismo E A Luta Das Mulheres reúne seis artigos que já foram publicados em outros veículos. Alguns estão esgotados, outros têm circulação restrita.
A exceção é apenas o último, sobre a história do 8 de março, que, até agora, esteve disponível apenas no sítio eletrônico da SOF.
O texto faz um resgate da luta das mulheres trabalhadoras e chama atenção para várias referências históricas que contribuíram para ações políticas das mulheres socialistas no mundo, colocando em xeque a versão mais conhecida da origem do Dia Internacional da Mulher: operárias queimadas em uma fábrica de Nova Iorque.
