
É de amplo conhecimento que enfrentamos já há algum tempo investidas antidemocráticas e conservadoras contra pautas progressistas, principalmente aquelas relacionadas à educação.
Temas como racismo, gênero e diversidade, que a duras penas e com atuação determinante dos movimentos sociais foram incorporadas aos documentos norteadores e legislações educacionais, têm sofrido ataques políticos disseminados de maneira tendenciosa pelos meios de comunicação e mídias sociais.
Educar para o antirracismo, para a equidade de gênero ou debater sobre sexualidade em sala de aula são práticas pedagógicas vistas como doutrinamento, quase subversão, em contrapartida a um currículo de base eurocêntrica e excludente, que segue exaltado como correto e imparcial.
Práticas pedagógicas que respeitem preceitos legais determinantes para a educação diversa e laica vêm sendo contestadas como alvos, inclusive, de retaliações.
Tendo tal panorama em mente, Práticas Pedagógicas De Resistência surge a partir do intercâmbio de experiências proporcionado pela VIII Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça – SERNEGRA, um espaço de reflexões e luta em torno das pautas da negritude e do feminismo e que em 2018 teve como tema “Descolonizar o feminismo”.
Os artigos aqui relacionados são frutos das discussões realizadas no âmbito da Sessão Temática 12, para a qual elencamos como objetivo principal o diálogo com professoras/es que realizam um trabalho cotidiano com os temas da diversidade e que, a partir de relatos de experiência, apresentam os conflitos e complexidades da implementação destes debates na escola, assim como análises sobre a (re) produção das desigualdades no âmbito escolar.
Nossa pretensão foi a de reunir membras/os da sociedade civil, estudantes, pesquisadoras/es e professoras/es de todos os níveis de ensino, por acreditarmos que os diálogos, trocas de experiências, ideias e informações são, no momento político que vivemos, mecanismos de resistência na busca pelo direito à educação de qualidade.
Neste sentido, percebendo o potencial dos relatos e do compartilhamento das experiências neste evento, decidimos, enquanto coordenadoras da Sessão Temática, propor às/aos comunicadoras/es a junção dos relatos em um livro, no intento de ampliar ainda mais o alcance de tão importantes iniciativas pedagógicas, proposta que foi prontamente abraçada pela maioria daquelas/es que apresentaram trabalhos que dialogavam com o eixo central da nossa proposta, a de mostrar a resistência pedagógica que ocorre no chão das salas de aulas de todo o país e que, ainda mais no momento atual de ameaça às práticas do magistério que promovam reflexões e problematizações, podem colocar em xeque a permanência dessa nossa sociedade tão historicamente estratificada.
