
A discussão para viabilizar modelos inovadores de educação de profissionais de saúde ainda é sentida como “ousadia que relutamos em assumir”.
As ferramentas do pensamento complexo são absolutamente indispensáveis para propor soluções em área tão sensível, considerando que não há solução fora do coletivo, ao mesmo tempo em que a força da diversidade, das idiossincrasias, é essencial no desenvolvimento de equipe de trabalho/saúde.
Partes de grupos ou equipes de saúde têm frequentemente visões diferentes de um mesmo tema. Como compartilhar o saber sem medo? Como trocar experiências para aprender e não para julgar?
Podemos amplificar essas perguntas para toda e qualquer ação que parta de um, de outro, de quaisquer integrantes de um grupo de trabalho e, então, começaremos a construir a visão de todos, revelando e reconhecendo a importância de cada um na produção de saúde.
Nestas condições, mudar as práticas no ambiente de trabalho implica necessariamente em um momento de ruptura, início de um longo caminho de redirecionamento de atitudes e conceitos. Propõe-se que essa mudança seja mediada através da Educação Permanente.
Um testemunho dos efeitos que podem ser recolhidos em uma instituição de ensino em Saúde ao tomar a Educação Permanente como dispositivo privilegiado dos seus campos de formulação pedagógica e de práticas.
Um belo exercício de prestação de contas públicas do que foi feito, do que se faz e do que se pode fazer para produzir as transformações tão desejadas nesse campo da formação dos profissionais de saúde.
Os textos aqui presentes trazem diferentes experiências de Educação Permanente em curso na FESO ao longo da última década e como, a partir delas, foi possível fabricar um conjunto de ferramentas capazes de operar mudanças nos campos da formação, gestão, assistência e cuidado em saúde.
Ferramentas fabricadas a cada encontro, nos diferentes espaços de Educação Permanente, produtoras de múltiplos modos de formar, gerir e assistir que reconhecem e incluem os inumeráveis estados do ser e de seu viver como fontes inegociáveis para organização de uma assistência ética e de qualidade nas diferentes redes de atenção em saúde.
O leitor encontrará nessas páginas escritos que bem dizem de um longo percurso, vivo, em ato. Percurso que toma o mundo do trabalho em saúde como o lugar da produção do conhecimento, do aprendizado e, portanto, da criação de outros mundos possíveis.
Esses escritos falam de encontros no mundo do trabalho entre profissionais de saúde, pacientes, famílias, gestores, estudantes, professores e, sobretudo, da sustentação de processos de aprendizagem centrados nessas experiências nos diferentes espaços, com diferentes coletivos.
Falam dos desafios de como tomar esses encontros, esses acontecimentos, em análise e reflexão e, portanto, em força motriz do processo de aprendizagem.
Dizem de um investimento intenso e extensivo na aposta de reconhecer o ensino e sua transmissão como política cognitiva que se reinventa e ressignifica a cada encontro no cotidiano dos serviços e das equipes de saúde.
