Em A Fabricação Da Ciência, Chalmers procura construir uma visão científica do mundo que recuse tanto a glorificação ideologicamente suspeita quanto o niilismo relativista. Munido de um arsenal, no qual se destacam a crítica da pseudociência, a questão da objetividade e as limitações da teoria estatística, o autor permite a consideração da ciência como uma espécie de organismo vivo que, continuamente, se autocorrige.
A Fabricação Da Ciência é uma seqüência de What is this thing called science?. Nesse livro, submeti algumas das explicações mais comuns da ciência e seus métodos a minucioso exame crítico, mas não cheguei a elaborar em detalhe nenhuma alternativa para elas. Convenci-me de que tal elaboração é necessária, sobretudo diante da amplitude das críticas que, contra as minhas intenções, têm considerado minha posição radicalmente cética, negadora de qualquer estatuto distintivo, objetivo do conhecimento científico. A Fabricação Da Ciência contém uma ampliação e uma reelaboração do argumento de seu predecessor.
Persisto em minha rejeição às concepções filosófico-ortodoxas do chamado método científico, mas demonstro como, não obstante, com algumas ressalvas, é possível uma defesa da ciência como conhecimento objetivo. Consequentemente, não tenho dúvidas de que receberei o desdém de muitos filósofos, à minha direita, e de sociólogos da ciência, à minha esquerda.
Em muitos pontos utilizei material publicado nos seguintes artigos: “The case against a universal ahistorical scientific method” (O que há contra um método científico universal a-histórico); “A non-empiricist account of experiment” (Uma história nãoempirista
do experimento); “Galileo’s telescopic observations of Venus and Mars” (As observações telescópicas feitas por Galileu de Vênus e Marte); “The sociology of knowledge and the epistemological status of science” (A sociologia do conhecimento e o estatuto epistemológico da ciência); “The extraordinary prehistory of the law of refraction” (A extraordinária pré-história da lei da refração).