Este trabalho tem como referência abordagens que reconhecem a centralidade do papel do Estado e suas instituições – a atuação pública – como ator responsável pela emulação de mudanças estruturais indispensáveis ao incremento da dinâmica de desenvolvimento econômico-social.
De igual maneira, busca apoio nas interpretações que procuram compreender a importância das externalidades resultantes da aglomeração de empresas no território para o estabelecimento de vantagens competitivas – em especial aquelas em que a coordenação por parte dos agentes públicos é elemento essencial.
A opção pelo estudo do polo industrial de Franca, no interior de São Paulo, diz respeito a diversos fatores, dentre os quais são destacados como os mais importantes: 1) o município em questão constitui uma das aglomerações industriais mais antigas do país, cuja origem remonta à década de 1920; 2) é o maior polo fabricante de calçados masculinos do país, tendo estabelecidos em seu território – de modo consolidado – representantes de todos os elos da cadeia produtiva, desde o fornecedor da principal matéria-prima até centros de ensino e pesquisa; 3) a presença da Unesp no município, o que abre a oportunidade da universidade pensar o seu entorno e discutir a solução dos problemas da comunidade onde está instalada.
Nesse contexto, este livro está organizado da seguinte forma: após esta apresentação, o primeiro capítulo reflete sobre o referencial teórico-metodológico utilizado para analisar o objeto em questão.
No segundo capítulo é realizada a discussão a respeito dos aspectos econômico-sociais que caracterizam o polo industrial de Franca, com foco no período marcado pelo aprofundamento dos processos de globalização econômica e, consequentemente, pela reestruturação produtiva do capitalismo. O empreendimento de investigação aqui demandou o cumprimento da árdua tarefa de buscar traçar um perfil do desempenho econômico e da estrutura produtiva do parque fabril estabelecido nesse território a partir da costura de informações difusas, tendo em vista o reduzido volume de informações sistematizadas (e confiáveis), seja nas organizações da classe empresarial, seja entre os dados dos órgãos públicos. A solução, neste caso, foi procurar levantar e “costurar” dados esparsos de diversas fontes – públicas e privadas – e realizar pessoalmente a sistematização das informações. Isso se deu sobretudo no que diz respeito às informações sobre o número de estabelecimentos industriais e nível de emprego por porte, performance competitiva no mercado internacional e capacidade produtiva. Esse esforço de investigação possibilitou chegar a resultados que permitiram confrontar interpretações generalizantes acerca dos efeitos da globalização e da reestruturação produtiva, resultando em explicações do objeto que consideram não apenas a singularidade do território, mas também a especificidade da estrutura produtiva da indústria que nele predomina economicamente.
O terceiro capítulo concentra o cerne da proposta de investigação ao fazer o levantamento das iniciativas levadas a efeito pelos agentes públicos e refletir sobre seus efeitos para o desempenho do polo industrial de Franca. A construção desta dimensão da investigação se deu em estreita e permanente relação com os elementos discutidos no segundo capítulo. Não havia possibilidade de uma interpretação consistente dos efeitos engendrados pelas iniciativas de promoção do desenvolvimento por parte dos atores públicos sem correlacioná-los com as particularidades dos agentes econômicos e da estrutura produtiva do território.
Atuação Pública E Promoção Da Eficiência Coletiva Em Arranjos Produtivos Locais
- Ciências Sociais
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