Literatura E Política No Estado Novo

A leitura das três obras comentadas em Literatura E Política No Estado Novo nos leva a indagações talvez inesperadas, mas sempre relevantes.

Em 1942 e 1944, o então Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio resolveu instituir prêmios para “romances e comédias para operários”, tendo no horizonte a “elevação cultural dos trabalhadores do Brasil através de uma ação educadora e de uma assistência intelectual”.

Oferecendo prêmios substantivos em dinheiro e tendo no corpo de jurados, além do ministro mesmo (o advogado Alexandre Marcondes Filho), dois escritores indicados pela Academia Brasileira de Letras, dois jornalistas indicados pela Associação Brasileira de Imprensa, dois representantes do Sindicato Nacional de Empresas Editoras e Publicações Culturais e, ainda, dois escritores representantes da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – estávamos no Estado Novo com sua política corporativista, tempo e situação em que a representação pelas categorias profissionais correspondia ao ideal –, os concursos resultaram na escolha dos três textos que aqui se reproduzem.

No ano de 1942, foram escolhidos o romance Pedro Maneta, do jovem paulista (de Campinas) Paulo Lício Rizzo, e a comédia Julho, 10!, das também jovens, mas cariocas, Leda Maria de Albuquerque e Maria Luisa Castelo Branco. Já no ano de 1944, apenas um romance foi premiado, Fundição, de Leão de Sales Machado, nascido em Itápolis, SP.

Acompanha o texto integral dos dois romances e da comédia um estudo acurado de Adriano Duarte, professor de História na UFSC e pesquisador do mundo do trabalho no Brasil, que dedicou parte de sua carreira justamente a entender os sentidos envolvidos no processo todo, de sua formulação política até a representação literária.

Um espetáculo de trabalho acadêmico bem concebido e desenvolvido adequadamente, que agora encontra a forma do livro e assim devolve à circulação, com um ótimo aparato crítico, esses três objetos estéticos em que arte e ideologia se encontram às claras.

A leitura das três obras reunidas e comentadas em Literatura E Política No Estado Novo nos leva a indagações talvez inesperadas, mas sempre relevantes, àquele tempo de Vargas. Afinal, que mundo era aquele? Como foi possível conceber peças literárias tão ingênuas ao tratar da vida daquela gente? Que sonhos e que utopias prosperavam à sombra dos prêmios concebidos no âmbito autoritário do varguismo do Estado Novo? Como era de fato sobreviver num tempo em que não se pagava salário quando o operário ficava doente em função do próprio trabalho?

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A leitura das três obras comentadas em Literatura E Política No Estado Novo nos leva a indagações talvez inesperadas, mas sempre relevantes.

Em 1942 e 1944, o então Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio resolveu instituir prêmios para “romances e comédias para operários”, tendo no horizonte a “elevação cultural dos trabalhadores do Brasil através de uma ação educadora e de uma assistência intelectual”.

Oferecendo prêmios substantivos em dinheiro e tendo no corpo de jurados, além do ministro mesmo (o advogado Alexandre Marcondes Filho), dois escritores indicados pela Academia Brasileira de Letras, dois jornalistas indicados pela Associação Brasileira de Imprensa, dois representantes do Sindicato Nacional de Empresas Editoras e Publicações Culturais e, ainda, dois escritores representantes da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – estávamos no Estado Novo com sua política corporativista, tempo e situação em que a representação pelas categorias profissionais correspondia ao ideal –, os concursos resultaram na escolha dos três textos que aqui se reproduzem.

No ano de 1942, foram escolhidos o romance Pedro Maneta, do jovem paulista (de Campinas) Paulo Lício Rizzo, e a comédia Julho, 10!, das também jovens, mas cariocas, Leda Maria de Albuquerque e Maria Luisa Castelo Branco. Já no ano de 1944, apenas um romance foi premiado, Fundição, de Leão de Sales Machado, nascido em Itápolis, SP.

Acompanha o texto integral dos dois romances e da comédia um estudo acurado de Adriano Duarte, professor de História na UFSC e pesquisador do mundo do trabalho no Brasil, que dedicou parte de sua carreira justamente a entender os sentidos envolvidos no processo todo, de sua formulação política até a representação literária.

Um espetáculo de trabalho acadêmico bem concebido e desenvolvido adequadamente, que agora encontra a forma do livro e assim devolve à circulação, com um ótimo aparato crítico, esses três objetos estéticos em que arte e ideologia se encontram às claras.

A leitura das três obras reunidas e comentadas em Literatura E Política No Estado Novo nos leva a indagações talvez inesperadas, mas sempre relevantes, àquele tempo de Vargas. Afinal, que mundo era aquele? Como foi possível conceber peças literárias tão ingênuas ao tratar da vida daquela gente? Que sonhos e que utopias prosperavam à sombra dos prêmios concebidos no âmbito autoritário do varguismo do Estado Novo? Como era de fato sobreviver num tempo em que não se pagava salário quando o operário ficava doente em função do próprio trabalho?

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