A memória é atributo das funções cognitivas, em arquétipos constituídos a partir das sociedades ágrafas ou com predomínio da oralidade, que se utilizavam da capacidade mnemônica para armazenar e transmitir informações através da expressão oral.
A tradição oral constitui-se numa forma de preservação da história através da fala, considerada a maneira mais presente de transmitir conhecimento antes da escrita, destacando-se os contadores de história, menestréis, jograis, trovadores, segréis, romanceiros, cancioneiros, bardos, mimos e histriões como personagens fundamentais no processo da comunicação e divulgação dos conhecimentos.
Os chamados contadores de histórias usavam a memória e a linguagem falada, além do alaúde, com o objetivo de formar leitores-ouvintes e fixar em suas culturas o valor da literatura oral, transmitida pelas gerações sucessivas.
No século IV a.C. surge a escrita a partir dos pictogramas, isto é, signos que guardam correspondência direta entre imagem gráfica (desenho) e o objeto representado. Depois, utilizou-se a escrita ideográfica e, posteriormente, a fonográfica. Quando os signos gráficos passaram a representar unidades de som, surgiram as letras e a partir dessas ocorreu a constituição do alfabeto.
Apesar do surgimento da escrita, muitas civilizações ainda transmitiam sua cultura oralmente através da linguagem falada ou visualmente por meio das imagens. O fato é que poucos tinham acesso à escrita, situação que se observou na transmigração do tempo de tal sorte que, notadamente durante a Idade Média, a linguagem escrita era restrita aos monges e às pessoas letradas.
Além disso, não havia meios capazes de reproduzir ou transportar os signos linguísticos a grandes distâncias. Essa dificuldade foi superada com a invenção da tipografia, por Gutenberg, que permitiu impressões repetidas de livros e outras escrituras.
Com o advento da imprensa (século XV), a memória passa por alterações significativas, pois vai encontrar outro suporte para deixar marcadas as lembranças, acontecimentos, narrativas cotidianas e até mesmo imagens.
A nova realidade do registro escrito, em caráter de produção sistemática e de grande escala, vai promover modificações na comunicação entre os sujeitos cuja situação de contexto sócio-histórico passa a exigir competências na dimensão do saber ler e escrever.
Tais competências seriam necessárias ao arquivamento das manifestações factuais e culturais, excedendo os limites que a memória impõe, muitas vezes escapando os episódios relevantes em razão do ângulo a que se lança sob determinado evento social.
Rádio & Memória: As Narrativas Orais Na Reconstituição Da História Da Rádio Poti
- Comunicação, História
- 17 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.