Objecto Quase

Objecto Quase - Apartada do mundo, a consciência elabora sua vingança. Talvez a maior de todas seja a linguagem, destinada a ferir e referir as coisas à distância. Talhada sob medida pelas mãos de um grande escritor, tal distância – modulada ora de modo espacial, ora temporal – está sempre presente nestas seis breves e tensas narrativas de José Saramago.


Será temporal em “Cadeira”, quando a linguagem rodopia em travellings velocíssimos em torno de um caruncho que rói, em câmera lenta, o sustento de um ditador até este cair, literalmente, de podre. Será espacial em “Refluxo”, onde um rei manda instalar no centro geométrico de seu país um imenso cemitério para banir de suas terras todo vestígio de morte.
Será ambas, e intrínsecas à consciência humana, em “Coisas” e “Embargo”, narrativas de prender o fôlego, em que uma revolta de objetos e a falta de gasolina denunciam o círculo vicioso da existência.
Absurdos, líricos, irônicos – os contos de Objecto Quase traduzem um capitalismo em agonia, atmosfera de fim de linha, de sociedades em que os bens de consumo circulam às expensas da própria vida. Daí a escrita que se move em ciclos, emulando ritmos alternados de crise e prosperidade, parodiando a circulação também incessante, distanciada e sem sentido das mercadorias.
Publicados pela primeira vez em 1978, Objecto Quase evidencia ainda as raízes do maravilhoso em Saramago. Não se trata, neste caso, do recurso à fábula enquanto identidade, mas sim como revolta da fantasia à indigência do real (vide o centauro, no conto de mesmo nome, marchando irremediavelmente para o mar e para a morte).
Daí o permanente poder de crítica destes escritos, capazes de fundir, com extrema habilidade e conhecimento de causa, o poético, o político.
"O ditador caiu duma cadeira, os árabes deixaram de vender petróleo, o morto é o melhor amigo do vivo, as coisas nunca são o que parecem, quando vires um centauro acredita nos teus olhos, se uma rã escarnecer de ti atravessa o rio. Tudo são objectos. Quase.”

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Objecto Quase – Apartada do mundo, a consciência elabora sua vingança. Talvez a maior de todas seja a linguagem, destinada a ferir e referir as coisas à distância. Talhada sob medida pelas mãos de um grande escritor, tal distância – modulada ora de modo espacial, ora temporal – está sempre presente nestas seis breves e tensas narrativas de José Saramago.
Será temporal em “Cadeira”, quando a linguagem rodopia em travellings velocíssimos em torno de um caruncho que rói, em câmera lenta, o sustento de um ditador até este cair, literalmente, de podre. Será espacial em “Refluxo”, onde um rei manda instalar no centro geométrico de seu país um imenso cemitério para banir de suas terras todo vestígio de morte.
Será ambas, e intrínsecas à consciência humana, em “Coisas” e “Embargo”, narrativas de prender o fôlego, em que uma revolta de objetos e a falta de gasolina denunciam o círculo vicioso da existência.
Absurdos, líricos, irônicos – os contos de Objecto Quase traduzem um capitalismo em agonia, atmosfera de fim de linha, de sociedades em que os bens de consumo circulam às expensas da própria vida. Daí a escrita que se move em ciclos, emulando ritmos alternados de crise e prosperidade, parodiando a circulação também incessante, distanciada e sem sentido das mercadorias.
Publicados pela primeira vez em 1978, Objecto Quase evidencia ainda as raízes do maravilhoso em Saramago. Não se trata, neste caso, do recurso à fábula enquanto identidade, mas sim como revolta da fantasia à indigência do real (vide o centauro, no conto de mesmo nome, marchando irremediavelmente para o mar e para a morte).
Daí o permanente poder de crítica destes escritos, capazes de fundir, com extrema habilidade e conhecimento de causa, o poético, o político.
“O ditador caiu duma cadeira, os árabes deixaram de vender petróleo, o morto é o melhor amigo do vivo, as coisas nunca são o que parecem, quando vires um centauro acredita nos teus olhos, se uma rã escarnecer de ti atravessa o rio. Tudo são objectos. Quase.”

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