Crime.gov

O livro Crime.gov serve como um didático curso intensivo sobre o funcionamento da criminalidade política no Brasil.

O livro Crime.gov serve como um didático curso intensivo sobre o funcionamento da criminalidade política no Brasil. A descrição de como se dá o ciclo vicioso de perpetuação no poder para a extração de benefícios privados é vívida.

Por meio de fraude de licitações ou de superfaturamento de contratos com as empresas financiadoras de campanha, o dinheiro é desviado do erário e lubrifica a estrutura da corrupção: enriquece políticos, seus indicados nos gabinetes estatais e os próprios empresários; aumenta os lucros das empresas e refinancia as futuras campanhas políticas.

Diferenciando-a da já tradicional criminalidade do colarinho-branco, os autores denominam essa forma de criminalidade de “crime institucionalizado” — um sistema de fraudes variado, altamente lucrativo, que se entranha no núcleo do poder e nas estruturas públicas oficiais.

São violações protagonizadas por pessoas investidas de autoridade formal, que se valem das prerrogativas de seus cargos não apenas para cometer os delitos, mas também para criar uma rede de proteção contra sua investigação e persecução penal.

Diferentemente do modus operandi das organizações criminosas tradicionais, o crime institucionalizado não atua à margem da lei, mas “dentro dela”. Para demonstrar seus argumentos, os autores se valem da experiência acumulada em sua atuação concreta, mas não só.

Respaldado por obras sociológicas de referência, mas desprovido do exagero de jargões jurídicos ou policiais, o livro é leve e agradável. Por meio de uma visão privilegiada das operações policiais, os autores traçam um quadro tristemente realista das articulações de poderosos, até recentemente intocáveis, para se manter ao largo da lei, como a realização de campanhas de contrainformação na mídia, a ingerência na indicação de delegados em postos-chave da PF, a utilização de “vazamentos institucionais” para conhecer de antemão as operações policiais, as tentativas de interromper investigações em curso e de influenciar juízes etc.

Não escapou à crítica severa dos autores a parte de responsabilidade que cabe às instituições judiciais, que até pouco tempo consideravam a criminalidade de colarinho-branco, inclusive a corrupção, delitos de pouca gravidade.

E, em relação aos tribunais superiores, não deixam de detectar como laços políticos, pessoais e de classe criam uma esfera de proteção para delinquentes bem-postos no mundo empresarial ou político. A situação começa aos poucos a se transformar, mas ainda não escapa do diagnóstico severo e dos temores manifestados pelos autores.

http://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-magica-lendo-na-arvore-preta/

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Diferenciando-a da já tradicional criminalidade do colarinho-branco, os autores denominam essa forma de criminalidade de “crime institucionalizado” — um sistema de fraudes variado, altamente lucrativo, que se entranha no núcleo do poder e nas estruturas públicas oficiais.

São violações protagonizadas por pessoas investidas de autoridade formal, que se valem das prerrogativas de seus cargos não apenas para cometer os delitos, mas também para criar uma rede de proteção contra sua investigação e persecução penal.

Diferentemente do modus operandi das organizações criminosas tradicionais, o crime institucionalizado não atua à margem da lei, mas “dentro dela”. Para demonstrar seus argumentos, os autores se valem da experiência acumulada em sua atuação concreta, mas não só.

Respaldado por obras sociológicas de referência, mas desprovido do exagero de jargões jurídicos ou policiais, o livro é leve e agradável. Por meio de uma visão privilegiada das operações policiais, os autores traçam um quadro tristemente realista das articulações de poderosos, até recentemente intocáveis, para se manter ao largo da lei, como a realização de campanhas de contrainformação na mídia, a ingerência na indicação de delegados em postos-chave da PF, a utilização de “vazamentos institucionais” para conhecer de antemão as operações policiais, as tentativas de interromper investigações em curso e de influenciar juízes etc.

Não escapou à crítica severa dos autores a parte de responsabilidade que cabe às instituições judiciais, que até pouco tempo consideravam a criminalidade de colarinho-branco, inclusive a corrupção, delitos de pouca gravidade.

E, em relação aos tribunais superiores, não deixam de detectar como laços políticos, pessoais e de classe criam uma esfera de proteção para delinquentes bem-postos no mundo empresarial ou político. A situação começa aos poucos a se transformar, mas ainda não escapa do diagnóstico severo e dos temores manifestados pelos autores.

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