Os Batalhadores Brasileiros

A publicação de Os Batalhadores Brasileiros, de Jessé Souza, marca um avanço no entendimento que o Brasil tem de si mesmo. Ao mesmo tempo, ajuda a apontar rumo para o pensamento social brasileiro.


Um dos acontecimentos mais importantes no Brasil das últimas décadas é o surgimento, ao lado da classe média tradicional, de uma segunda classe média. Morena, vinda de baixo, refratária a sentir-se um pedaço do Atlântico norte desgarrado no Atlântico sul, essa nova classe média compõe-se de milhões de pessoas que lutam para abrir ou para manter pequenos empreendimentos ou para avançar dentro de empresas constituídas, que estudam à noite, que se filiam a novas igrejas e a novas associações, e que empunham uma cultura de autoajuda e de iniciativa. Quase desconhecida das elites do poder, do dinheiro e da cultura, já estão no comando do imaginário popular. Representam o horizonte que a maioria de nosso povo quer seguir.
A revolução brasileira hoje seria o Estado usar seus poderes e recursos para permitir à maioria do povo brasileiro trilhar o caminho dessa vanguarda de emergentes. Para consegui-lo, porém, seria preciso fazer o que raramente fizemos em nossa história nacional: reconstruir as instituições, inclusive as instituições que organizam a economia de mercado e a democracia política. Só essa reconstrução institucional abriria caminho para a estratégia nacional de desenvolvimento fundada em democratização de oportunidades para aprender, para trabalhar e para produzir.
Debaixo dessa classe média emergente e do número relativamente pequeno de assalariados relativamente estáveis e qualificados, há uma massa de trabalhadores pobres que, em outra obra, Jessé Souza chamou a ralé brasileira — vítima ainda de incapacitações e de inibições que não se limitam à falta de oportunidades econômicas. Incluem os ônus que resultam de famílias desestruturadas, tipicamente conduzidas por uma mãe sozinha, que tem de combinar o trabalho ocasional ou instável com a luta para resguardar os filhos; comunidades desorganizadas, que não conseguem, portanto, fazer as vezes das famílias desfalcadas; e crenças que naturalizam o sentimento de impotência, resignação e fuga. Para muitos membros dessa ralé, a vida parece bloqueada.

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A revolução brasileira hoje seria o Estado usar seus poderes e recursos para permitir à maioria do povo brasileiro trilhar o caminho dessa vanguarda de emergentes. Para consegui-lo, porém, seria preciso fazer o que raramente fizemos em nossa história nacional: reconstruir as instituições, inclusive as instituições que organizam a economia de mercado e a democracia política. Só essa reconstrução institucional abriria caminho para a estratégia nacional de desenvolvimento fundada em democratização de oportunidades para aprender, para trabalhar e para produzir.
Debaixo dessa classe média emergente e do número relativamente pequeno de assalariados relativamente estáveis e qualificados, há uma massa de trabalhadores pobres que, em outra obra, Jessé Souza chamou a ralé brasileira — vítima ainda de incapacitações e de inibições que não se limitam à falta de oportunidades econômicas. Incluem os ônus que resultam de famílias desestruturadas, tipicamente conduzidas por uma mãe sozinha, que tem de combinar o trabalho ocasional ou instável com a luta para resguardar os filhos; comunidades desorganizadas, que não conseguem, portanto, fazer as vezes das famílias desfalcadas; e crenças que naturalizam o sentimento de impotência, resignação e fuga. Para muitos membros dessa ralé, a vida parece bloqueada.

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