Crack E Exclusão Social

Por que os humanos usam drogas? Segundo o psiquiatra Antônio Nery Filho, os humanos usam drogas porque são humanos.
Porque foi a queda do paraíso que, simbolicamente, nos arrancou da doce ignorância sobre a passagem do tempo e da inconsciência de nossa finitude. E assim, nos fez humanos.


Passado o tempo mítico dessa utopia de igualdade e harmonia, para alguns humanos, a incerteza sobre o futuro e a consciência da finitude passaram a ser vivenciadas e incorporadas desde cedo de forma mais intensa, marcando suas vidas.
Para compreender por que alguns humanos, mais humanos do que outros, têm problemas com o uso de drogas, é preciso revelar as condições individuais e sociais dessa incorporação.
Quando em 2010 o tema das drogas ganhou destaque no panorama político-midiático brasileiro, não foi o álcool, a droga que mais impacta a saúde pública, que atraiu as atenções.
Foi o crack, uma variação fumada da cocaína, que ocupou o centro do cenário. Ao uso de crack passou a ser atribuída responsabilidade por crimes violentos e pela suposta degradação moral de parte da juventude brasileira.
Jornalistas, lideranças políticas e religiosas não tiveram dificuldade em encontrar especialistas dispostos a corroborar esses e outros mitos, como o que reza que o crack vicia na primeira tragada e mata seus usuários em seis meses. Como se sabe, a primeira vítima das guerras é a verdade.
Na assim chamada guerra às drogas, não tem sido diferente.
Tivéssemos aprendido com a história de “epidemias” de uso de drogas no mundo, teria sido outra a resposta do Estado e da sociedade brasileira. Entre a década de 80 e 90, os Estados Unidos da América (EUA) também viveram as consequências de uma “epidemia” de uso de crack anunciada à revelia do que as estatísticas indicavam.
Mitos sobre a destrutividade do crack, para além dos riscos que de fato ele acarreta, ganharam a imprensa e a sociedade. Esses mitos influenciaram políticas públicas fazendo com que, por exemplo, a legislação dos EUA punisse com penas muito mais severas quem portasse crack do que quem portasse cocaína, que são essencialmente a mesma droga.
A diferença não estava na droga, mas nas pessoas que faziam uso de uma ou outra droga.

  

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Para compreender por que alguns humanos, mais humanos do que outros, têm problemas com o uso de drogas, é preciso revelar as condições individuais e sociais dessa incorporação.
Quando em 2010 o tema das drogas ganhou destaque no panorama político-midiático brasileiro, não foi o álcool, a droga que mais impacta a saúde pública, que atraiu as atenções.
Foi o crack, uma variação fumada da cocaína, que ocupou o centro do cenário. Ao uso de crack passou a ser atribuída responsabilidade por crimes violentos e pela suposta degradação moral de parte da juventude brasileira.
Jornalistas, lideranças políticas e religiosas não tiveram dificuldade em encontrar especialistas dispostos a corroborar esses e outros mitos, como o que reza que o crack vicia na primeira tragada e mata seus usuários em seis meses. Como se sabe, a primeira vítima das guerras é a verdade.
Na assim chamada guerra às drogas, não tem sido diferente.
Tivéssemos aprendido com a história de “epidemias” de uso de drogas no mundo, teria sido outra a resposta do Estado e da sociedade brasileira. Entre a década de 80 e 90, os Estados Unidos da América (EUA) também viveram as consequências de uma “epidemia” de uso de crack anunciada à revelia do que as estatísticas indicavam.
Mitos sobre a destrutividade do crack, para além dos riscos que de fato ele acarreta, ganharam a imprensa e a sociedade. Esses mitos influenciaram políticas públicas fazendo com que, por exemplo, a legislação dos EUA punisse com penas muito mais severas quem portasse crack do que quem portasse cocaína, que são essencialmente a mesma droga.
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