Traços Épico-Brechtianos Na Dramaturgia Portuguesa: O Render Dos Heróis De Cardoso Pires E Felizmente Há Luar!, De Sttau Monteiro

Depois da Segunda Guerra, o teatro português abre um novo capítulo em sua história com a criação de várias companhias, com o surgimento de novos dramaturgos e com a busca de uma estética teatral que respondesse aos anseios e às inquietações dos artistas frente à realidade.


Até a Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), entretanto, vamos observar um fenômeno recorrente: muitas peças foram escritas e pouquíssimas delas foram encenadas.
Impedidas de subirem à cena pela censura instituída pelo governo ditatorial deAntónio de Oliveira Salazar, um número considerável de obras teatrais chegou a público apenas em forma de livro. O teatro em Portugal era mais lido que encenado.
Um “divórcio”, como bem definiu Luiz Francisco Rebello, acentuava-se entre dramaturgia e encenação. Devido a esse particular, o teatro português desse período, como analisa Fernando Mendonça, preocupava-se principalmente com o texto, valorizando a palavra, o diálogo cheio de conteúdo, já que o dramaturgo, ao escrever, sabia que pouca chance teria de ver sua peça encenada.
No que tange à questão estética, vemos, na maior parte das peças, a rejeição das formas naturalistas e a valorização do anti-ilusionismo como características fundamentais e princípios que levaram os dramaturgos à elaboração, construção e utilização de recursos cênicos múltiplos, que, muitas vezes, acabavam por constituir um notável hibridismo na linguagem cênica.
É principalmente nas duas últimas décadas que antecedem a Revolução dos Cravos que o teatro integra a seus temas e formas uma preocupação em abrir o caminho para a reflexão crítica sobre a realidade, denunciando as injustiças sociais e preconizando um posicionamento conscientemente político do público.
Nesse contexto, o teatro épico – desenvolvido, praticado e teorizado pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1889-1956) –, cujo principal objetivo é o de “possibilitar ao espectador uma crítica fecunda, dentro de uma perspectiva social”, tornava-se uma “novidade [que] parecia dar resposta a algumas das perplexidades dos dramaturgos portugueses”.
Assim, os dramaturgos e os demais artistas do teatro português começaram a entrar em contato com a dramaturgia e a teoria do teatro épico brechtiano, obtendo conhecimento dos pressupostos teóricos do dramaturgo alemão por meio das traduções francesas ou inglesas que circulavam em Portugal e de estadas na França, Inglaterra ou Alemanha, onde assistiam aos espetáculos.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Traços Épico-Brechtianos Na Dramaturgia Portuguesa: O Render Dos Heróis De Cardoso Pires E Felizmente Há Luar!, De Sttau Monteiro

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog