Teoria Epidemiológica Hoje: Fundamentos, Interfaces E Tendências

Fala-se, por toda parte, de uma crise da saúde pública. Na base deste rumor, constata-se uma crise das disciplinas científicas que dão sustentação às práticas coletivas em saúde

, expressa pela incapacidade de tais disciplinas de explicarem satisfatoriamente os enigmas e os paradoxos do campo. Por exemplo: apesar das transformações, mais ou menos radicais, dos modelos de atenção à saúde em todo o mundo, as reais condições de saúde das populações não têm melhorado na mesma proporção.
Em outras situações ocorre justamente o contrário: a despeito da falência dos sistemas assistenciais, a situação de saúde efetivamente melhorou. Será que as explicações para esses enigmas não seriam encontradas na inadequada base conceituai da planificação em saúde, que se vale quase que exclusivamente de uma perspectiva superficial e ingênua do ponto de vista epistemológico, incapaz de considerar a historicidade e a concretude dos problemas de saúde?
Nas matrizes da investigação populacional em saúde, a epidemiologia 'normal' tem-se mostrado pouco instigante e criativa no que se refere à capacidade de levantar problemas. A investigação epidemiológica parece voltada à produção de modelos explicativos óbvios, triviais e imediatistas. Observa-se então outro paradoxo: enquanto ocorre um explosivo crescimento de estudos epidemiológicos que fornecem subsídios para a prática clinica e para intervenções sobre indivíduos, cada vez mais diminui o impacto da disciplina como eixo estruturante da saúde pública, debilitando sua capacidade de apoiar tanto as intervenções sobre as populações quanto as decisões sobre políticas públicas no campo da saúde.
A hipótese diagnostica mais óbvia é que a epidemiologia hoje sofre de uma séria síndrome carencial: pobreza teórica. Nancy Krieger parece ter finalmente descoberto o que Ricardo Bruno Gonçalves já há muito tempo insistia: a epidemiologia precisa com urgência de mais teoria. Quase com indignação, Breilh observa que, neste momento, uma série de críticas sobre a epidemiologia, que já eram senso comum na cultura científica da saúde coletiva latino-americana, começa a ser apropriada e difundida na literatura internacional como se fossem originais. Talvez a principal dessas críticas seja a idéia da carência teórico-epistemológica da disciplina. Porém, para sermos justos, a síndrome da pobreza teórica não afeta somente a epidemiologia, mas grassa por todo o campo da pesquisa em saúde, conforme avaliação recente (e igualmente tardia) de Holmberg & Baum.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Teoria Epidemiológica Hoje: Fundamentos, Interfaces E Tendências

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog