
Produto de quase duas décadas de pesquisa, a obra investiga o papel da ação afirmativa na democratização da universidade pública.
Apresenta ao leitor um olhar sobre a complexidade dessa política pública, analisando seus aspectos conceituais, jurídicos e morais, assim como as perspectivas históricas, políticas e administrativas.
A leitura possibilita não apenas compreender melhor o contexto das posições favoráveis e contrárias às políticas afirmativas, mas também compartilhar de saberes sobre os atores sociais envolvidos, com destaque para a imprensa, e sobre os desdobramentos da adoção dessa estratégia de inclusão em outros países.
Dividindo a discussão entre conceito, história e debates, o volume apresenta uma leitura abrangente. Ele começa por examinar o conceito de ação afirmativa, desmistificando interpretações equivocadas sobre sua origem e usos.
Os autores analisam o emprego do conceito em vários países, levando em conta o caso estadunidense mas sem o tomar como paradigmático, equívoco comum em muitos estudos.
Eles tratam da trajetória da política no Brasil e a importância da participação dos movimentos sociais que atuaram de forma sistemática na demanda pela transformação do ensino superior, um espaço extremamente branco e elitizado.
Outro aspecto que merece destaque é a análise das justificativas para adoção da ação afirmativa no mundo e como que elas afetaram a construção da experiência brasileira.
O livro explora a densidade em torno do tema no contexto internacional e sua importância para a construção no debate brasileiro que, em muitos momentos, foi simplificado pela oposição entre prós e contras e pela adoção do termo quase pejorativo de “cota racial”. Os autores demonstram como esta simplificação desqualifica a complexidade e historicidade dessas políticas.
A história das ações afirmativas tem aqui um tratamento cuidadoso e detalhado, abordando o contexto internacional – Índia, Estados Unidos e África do Sul –, articulado ao brasileiro, e demonstrando como sociedades com modelos distintos de exclusão e discriminação utilizaram de uma mesma política, guardando suas especificidades, para enfrentar as desigualdades de acesso aos estratos educacionais mais altos.
O debate sobre o tema no contexto brasileiro traz minuciosa interpretação das posições sobre as políticas que animaram um acirrado debate público sobre o racismo e as desigualdades raciais.
Os autores ampliam a perspectiva de análise fornecendo ao leitor não apenas uma visão das posições favoráveis e contrárias, mas também os atores sociais envolvidos, com destaque para a imprensa.
O livro termina com um debate importante sobre a extensão da ação afirmativa à pós-graduação, demonstrando que o acesso dos jovens negros e pobres ao sistema de educação superior é uma mudança que veio para ficar.
A pós-graduação, por suas especificidades, coloca novos desafios à inclusão. Desafios esses que estão sendo enfrentados pela profusão de políticas de ação afirmativa recentemente criadas em nossas universidades.











