
Nesse estudo, a autora analisa a existência de um hip-hop feminista jovem, negro, soteropolitano, a partir da perspectiva das mulheres inseridas nesse movimento, e interessa-se por compreender quais são suas concepções acerca do feminismo investigando se há e de que forma influenciam as experiências dessas mulheres diante de um contexto que dialoga com a cultura política local vigente.
Esta obra faz parte da Coleção Bahianas que, desde sua primeira edição, em 1997, mostrou-se desafiadora e mantém-se como espaço de socialização de estudos teóricos e empíricos. Esses estudos buscam questionar os estereótipos e as convenções e de gênero que inscrevem lugares e posições distintas para mulheres e homens.
Realizar uma pesquisa sobre o movimento Hip-hop nos suscita inúmeros debates e proposições. Se esse Movimento é realizado por mulheres, a discussão só se amplia.
Esse é um dos aspectos que quero ressaltar neste trabalho, as problematizações e provocações que nos proporciona e que nos fazem refletir sobre as pautas e demandas levantadas por essas mulheres na cidade de Salvador.
Se voltarmos nosso olhar para os anos de 1990, quando começaram as primeiras pesquisas sobre o movimento Hip-hop, podemos perceber mudanças bastante significativas com relação à ampliação desta temática nas mais diversas áreas do conhecimento.
Porém, essa ampliação não significa grandes aberturas acadêmicas para o debate sobre o próprio movimento Hip-hop e o que ele se propõe, ao contrário, as barreiras persistem.
Mas no caso deste estudo quero problematizar essa questão a partir da relação e do pertencimento estabelecido entre as interlocutoras da pesquisa, o que muda de forma determinante o olhar e o fazer acadêmico sobre temáticas como o movimento Hip-hop.
Mulheres Negras são as condutoras desta obra, tanto quem a escreve, Rebeca Sobral Freire, como a partir do olhar que ela direciona e na forma como estabelece a interlocução com outras mulheres que estão dentro do movimento Hip-hop em Salvador.
Rebeca nos mostra duas combinações pouco visibilizadas, mulheres no movimento Hip-hop e suas práticas a partir da cidade de Salvador-Bahia, conhecida por tantos outros estilos musicais, o que faz total diferença na produção de um movimento Hip-hop feminista ou feito por mulheres, bem como na realização deste trabalho.
Com uma perspectiva interseccional, este trabalho nos traz um debate fundamental a partir de uma tripla perspectiva, de gênero, de raça e de classe que perpassa o universo de mulheres do movimento Hip-hop soteropolitano e nele acrescenta a questão da juventude como determinante para o direcionamento deste olhar.
Além da interseccionalidade, tal etnografia é produzida a partir do envolvimento da pesquisadora na sua forma de atuação neste espaço de luta e debate político.











