Santo Agostinho: Os Fundamentos Ontológicos Do Agir

Santo Agostinho: Os Fundamentos Ontológicos Do Agir - A problemática envolvendo o agir humano não era um tema esquecido para o pensamento tardo-antigo dos séculos IV e V, embora seus autores, majoritariamente cristãos, estivessem envolvidos primariamente com elaborações metafísico-teológicas sobre a realidade do universo.


Exatamente neste horizonte de reflexão que a questão ética passa a ser vislumbrada dentre as mais importantes.
Ao pressuporem a liberdade humana como um fato inconteste e a decorrente capacidade do homem de transformar o real desde a força de seu próprio agir sem a intervenção arbitrária de um “destino”, os autores cristãos passam a ter a necessidade de dar conta, dentro do próprio campo de reflexão metafísico, das condições de possibilidade pelas quais o homem conduz seu próprio agir e, mais ainda, o conduz por vezes de forma depredatória à sua própria existência.
Por este caminho que os problemas concernentes à imputação de responsabilidade ao homem sobre seus atos, assim como os que dizem respeito à sua própria “salvação”, entram no escopo da reflexão dos autores neste período e se tornam nucleares ao pensamento de Agostinho.
Não foi por acaso que ele teve de lidar com questões éticas de tamanha envergadura e significativa profundidade, seu contexto o exigiu. O Império Romano há tempos já apresentava sinais de desestabilização em seus fundamentos tanto políticos como morais.
A vida nas grandes cidades, como na Hipona de Agostinho, exigia a busca por referência, por sentido, tratava-se de um contexto em que o papel da religiosidade, não apenas do cristianismo (a religião oficial), aflorava com grande veemência na vida social, sua reflexão não poderia, portanto, ignorar o fato de que as pessoas de seu tempo, majoritariamente viam o mundo a partir de uma compreensão religiosa.
Contudo, o pensamento de Agostinho vai além de simplesmente falar sobre a religião ou tentar sistematizar seus principais “dogmas”, ele entendia o cristianismo como uma Sabedoria intelectual tão importante quanto ou até mais do que os textos de qualquer pensador antigo.
Para ele a fé cristã deveria ser refletida, compreendida e assimilada com todo o esforço que fosse possível à razão humana.
Agostinho tinha claramente diante de si a preocupação de elaborar uma mundividência à luz das categorias pelas quais o cristianismo compreendia o real, mais ainda, ele entendia este projeto como perfeitamente assimilável não apenas pelos que já se diziam cristãos, mas por toda uma humanidade que carecia de um “sentido moral” que lhe restabelecesse a paz. Sob esta perspectiva que a ética adentra sua reflexão.

 

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Santo Agostinho: Os Fundamentos Ontológicos Do Agir

Santo Agostinho: Os Fundamentos Ontológicos Do Agir – A problemática envolvendo o agir humano não era um tema esquecido para o pensamento tardo-antigo dos séculos IV e V, embora seus autores, majoritariamente cristãos, estivessem envolvidos primariamente com elaborações metafísico-teológicas sobre a realidade do universo.
Exatamente neste horizonte de reflexão que a questão ética passa a ser vislumbrada dentre as mais importantes.
Ao pressuporem a liberdade humana como um fato inconteste e a decorrente capacidade do homem de transformar o real desde a força de seu próprio agir sem a intervenção arbitrária de um “destino”, os autores cristãos passam a ter a necessidade de dar conta, dentro do próprio campo de reflexão metafísico, das condições de possibilidade pelas quais o homem conduz seu próprio agir e, mais ainda, o conduz por vezes de forma depredatória à sua própria existência.
Por este caminho que os problemas concernentes à imputação de responsabilidade ao homem sobre seus atos, assim como os que dizem respeito à sua própria “salvação”, entram no escopo da reflexão dos autores neste período e se tornam nucleares ao pensamento de Agostinho.
Não foi por acaso que ele teve de lidar com questões éticas de tamanha envergadura e significativa profundidade, seu contexto o exigiu. O Império Romano há tempos já apresentava sinais de desestabilização em seus fundamentos tanto políticos como morais.
A vida nas grandes cidades, como na Hipona de Agostinho, exigia a busca por referência, por sentido, tratava-se de um contexto em que o papel da religiosidade, não apenas do cristianismo (a religião oficial), aflorava com grande veemência na vida social, sua reflexão não poderia, portanto, ignorar o fato de que as pessoas de seu tempo, majoritariamente viam o mundo a partir de uma compreensão religiosa.
Contudo, o pensamento de Agostinho vai além de simplesmente falar sobre a religião ou tentar sistematizar seus principais “dogmas”, ele entendia o cristianismo como uma Sabedoria intelectual tão importante quanto ou até mais do que os textos de qualquer pensador antigo.
Para ele a fé cristã deveria ser refletida, compreendida e assimilada com todo o esforço que fosse possível à razão humana.
Agostinho tinha claramente diante de si a preocupação de elaborar uma mundividência à luz das categorias pelas quais o cristianismo compreendia o real, mais ainda, ele entendia este projeto como perfeitamente assimilável não apenas pelos que já se diziam cristãos, mas por toda uma humanidade que carecia de um “sentido moral” que lhe restabelecesse a paz. Sob esta perspectiva que a ética adentra sua reflexão.

 

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