Teoria Do Drama Moderno

Teoria Do Drama Moderno - Para os que desejam entender os caminhos da dramaturgia no século XX, Teoria Do Drama Moderno é leitura obrigatória, além de muito prazerosa. Embora com limites cronológicos definidos (1880-1950), não se trata de um mero panorama histórico do teatro moderno, pois todas as análises do autor obtêm o máximo resultado de uma dialética histórico-filosófica das formas de arte, identificando oposições e continuidades no arco da produção de onze dramaturgos, entre eles Ibsen, Tchekhov, Strindberg, Brecht, Pirandello, Eugene O'Neill e Arthur Miller.


O leitor que acaso começasse a examinar este livro de Peter Szondi pelo índice das matérias poderia facilmente imaginar que está diante de algo como uma breve história ou um panorama do teatro moderno. De fato, indo de 1880 a 1950 e mantendo com bastante constância a baliza da sucessão cronológica, o autor passa em revista de maneira direta e concentrada a obra de onze importantes dramaturgos e de um encenador, além de examinar, sob outras rubricas e menos acuradamente, também o legado de cerca de uma dezena de outros autores - quase todos europeus, exceção feita a uns poucos norte-americanos.
Seriação e cronologia são, certamente, indispensáveis ao projeto de Szondi, porém nada mais distante dele do que o habitual panorama histórico, em que a mera acumulação de fatos sobre a linha do tempo faz as vezes de história - e, tantas vezes, história de uma evolução ou de um progresso.
De maneira apenas tácita, porém inflexível, é antes contra esse historicismo que escreve sua Teoria Do Drama Moderno esse pensador tão discreto quanto intensamente impregnado de teoria crítica e, em particular, da filosofia da história de Walter Benjamin. A escolha expositiva de Szondi, em geral não-polêmica e aparentemente restrita ao rigor técnico, não deve, então, enganar: no seu caso, rigor técnico, distância não-polêmica e, até, um acentuado laconismo são signos dessa inflexibilidade e, por certo, constituem outras tantas estratégias de um pensamento que, precisando aclimatar-se ao ambiente universitário alemão do pós-guerra, sabe que evolui em meio hostil.
Na Teoria Do Drama Moderno, a estrita observância da sucessão temporal não desemboca nos panoramas atulhados e cediços do historicismo. Ao contrário, o procedimento de Szondi é o de fazer o fluxo do tempo, na plenitude de seu curso, refluir sobre si mesmo e, assim, refletir-se. Como diz Walter Benjamin a respeito do teatro épico de Brecht, também o método de Szondi "faz o destino saltar do leito do tempo como um jorro de água, o faz reverberar um instante móvel no vazio, para fazê-lo entrar de uma nova maneira em seu leito".

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Teoria Do Drama Moderno – Para os que desejam entender os caminhos da dramaturgia no século XX, Teoria Do Drama Moderno é leitura obrigatória, além de muito prazerosa. Embora com limites cronológicos definidos (1880-1950), não se trata de um mero panorama histórico do teatro moderno, pois todas as análises do autor obtêm o máximo resultado de uma dialética histórico-filosófica das formas de arte, identificando oposições e continuidades no arco da produção de onze dramaturgos, entre eles Ibsen, Tchekhov, Strindberg, Brecht, Pirandello, Eugene O’Neill e Arthur Miller.
O leitor que acaso começasse a examinar este livro de Peter Szondi pelo índice das matérias poderia facilmente imaginar que está diante de algo como uma breve história ou um panorama do teatro moderno. De fato, indo de 1880 a 1950 e mantendo com bastante constância a baliza da sucessão cronológica, o autor passa em revista de maneira direta e concentrada a obra de onze importantes dramaturgos e de um encenador, além de examinar, sob outras rubricas e menos acuradamente, também o legado de cerca de uma dezena de outros autores – quase todos europeus, exceção feita a uns poucos norte-americanos.
Seriação e cronologia são, certamente, indispensáveis ao projeto de Szondi, porém nada mais distante dele do que o habitual panorama histórico, em que a mera acumulação de fatos sobre a linha do tempo faz as vezes de história – e, tantas vezes, história de uma evolução ou de um progresso.
De maneira apenas tácita, porém inflexível, é antes contra esse historicismo que escreve sua Teoria Do Drama Moderno esse pensador tão discreto quanto intensamente impregnado de teoria crítica e, em particular, da filosofia da história de Walter Benjamin. A escolha expositiva de Szondi, em geral não-polêmica e aparentemente restrita ao rigor técnico, não deve, então, enganar: no seu caso, rigor técnico, distância não-polêmica e, até, um acentuado laconismo são signos dessa inflexibilidade e, por certo, constituem outras tantas estratégias de um pensamento que, precisando aclimatar-se ao ambiente universitário alemão do pós-guerra, sabe que evolui em meio hostil.
Na Teoria Do Drama Moderno, a estrita observância da sucessão temporal não desemboca nos panoramas atulhados e cediços do historicismo. Ao contrário, o procedimento de Szondi é o de fazer o fluxo do tempo, na plenitude de seu curso, refluir sobre si mesmo e, assim, refletir-se. Como diz Walter Benjamin a respeito do teatro épico de Brecht, também o método de Szondi “faz o destino saltar do leito do tempo como um jorro de água, o faz reverberar um instante móvel no vazio, para fazê-lo entrar de uma nova maneira em seu leito”.

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