As Regras Da Arte

Pierre Bourdieu ocupa um lugar de destaque nas ciências sociais, graças à publicação de obras sérias, impertinentes e transgressoras. As regras da arte não é exceção, tendo provocado grandes controvérsias nos meios intelectuais.

Neste ensaio polêmico e inovador, Bourdieu reconstrói a história literária francesa da segunda metade do século XIX, revelando as regras que regem escritores e instituições literárias, desmistificando a ilusão do gênio criador todo-poderoso e apresentando os fundamentos para uma teoria da produção artística.
Longe de aniquilar o criador sob o efeito das determinações sociais que pesam sobre ele e de reduzir a obra ao meio que a viu nascer, As regras da arte permite compreender o trabalho específico que o artista deve realizar para se constituir em sujeito de sua própria criação.

"Deixaremos que as ciências sociais reduzam a experiência literária, a mais alta que 0 homem possa fazer, com a do amor, a pesquisas de opinião sobre nossos lazeres, quando se trata do sentido de nossa vida?"
Semelhante frase, retirada de uma dessas inúmeras defesas sem idade e sem autor em favor da leitura, e da cultura, com certeza teria desencadeado a furiosa alegria que  inspiravam em Flaubert os lugares-comuns conservadores. E que dizer dos tapas gastos do culto escolar do Livro ou das revelações heideggero-hölderlinianas dignas de enriquecer 0 "florilégio bouvardo-pecuchetiano" (a fórmula é de Quebeau ... ): "Ler e em primeiro lugar afastar-se de si mesmo e de seu mundo"; "não é mais possível estar no mundo sem a ajuda dos livros"; "na literatura, a essência revela-se de uma s6 vez, e dada com sua verdade, na sua verdade, como a pr6pria verdade do ser que se desvenda"?
Se me pareceu necessário evocar, de saída, alguns desses enfadonhos tópicos sobre a arte e a vida, 0 único e o comum, a literatura e a ciência, as ciências (sociais) que bem podem elaborar leis, mas perdendo a "singularidade da experiência", e a literatura que não elabora leis, mas que "trata sempre do homem singular, em sua singularidade absoluta", é que, indefinidamente reproduzidos por e para a liturgia escolar, eles estão também inscritos em todos os espíritos moldados pela Escola: funcionando como filtros ou anteparos, ameaçam sempre bloquear ou confundir a compreensão da análise científica dos livros e da leitura.

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Pierre Bourdieu ocupa um lugar de destaque nas ciências sociais, graças à publicação de obras sérias, impertinentes e transgressoras. As regras da arte não é exceção, tendo provocado grandes controvérsias nos meios intelectuais. Neste ensaio polêmico e inovador, Bourdieu reconstrói a história literária francesa da segunda metade do século XIX, revelando as regras que regem escritores e instituições literárias, desmistificando a ilusão do gênio criador todo-poderoso e apresentando os fundamentos para uma teoria da produção artística.
Longe de aniquilar o criador sob o efeito das determinações sociais que pesam sobre ele e de reduzir a obra ao meio que a viu nascer, As regras da arte permite compreender o trabalho específico que o artista deve realizar para se constituir em sujeito de sua própria criação.

“Deixaremos que as ciências sociais reduzam a experiência literária, a mais alta que 0 homem possa fazer, com a do amor, a pesquisas de opinião sobre nossos lazeres, quando se trata do sentido de nossa vida?”
Semelhante frase, retirada de uma dessas inúmeras defesas sem idade e sem autor em favor da leitura, e da cultura, com certeza teria desencadeado a furiosa alegria que  inspiravam em Flaubert os lugares-comuns conservadores. E que dizer dos tapas gastos do culto escolar do Livro ou das revelações heideggero-hölderlinianas dignas de enriquecer 0 “florilégio bouvardo-pecuchetiano” (a fórmula é de Quebeau … ): “Ler e em primeiro lugar afastar-se de si mesmo e de seu mundo”; “não é mais possível estar no mundo sem a ajuda dos livros”; “na literatura, a essência revela-se de uma s6 vez, e dada com sua verdade, na sua verdade, como a pr6pria verdade do ser que se desvenda”?
Se me pareceu necessário evocar, de saída, alguns desses enfadonhos tópicos sobre a arte e a vida, 0 único e o comum, a literatura e a ciência, as ciências (sociais) que bem podem elaborar leis, mas perdendo a “singularidade da experiência”, e a literatura que não elabora leis, mas que “trata sempre do homem singular, em sua singularidade absoluta”, é que, indefinidamente reproduzidos por e para a liturgia escolar, eles estão também inscritos em todos os espíritos moldados pela Escola: funcionando como filtros ou anteparos, ameaçam sempre bloquear ou confundir a compreensão da análise científica dos livros e da leitura.

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