O Mundo E O Tempo

Os textos reunidos em O Mundo E O Tempo são estudos elaborados ao longo dos últimos onze anos e publicados em contextos diversos. Retrospectivamente, verifica-se que o tema do mundo ocupa um lugar central em todos eles e o do tempo na maior parte deles.

O mundo da experiência na modernidade, como se mostra nos textos da terceira e última parte deste livro, é um mundo marcadamente “temporalizado”. Com referência a vários autores (Scheler, Heidegger, Gehlen, Blumenberg, Luhmann) explica-se nesses textos o que significa temporalização do mundo da vida. Tudo isto faz com que tenha parecido amplamente justificado dar ao conjunto o título de O Mundo E O Tempo.
Na primeira parte, a questão da relação ao mundo começa por ser abordada num estudo dedicado à fenomenologia da visão e à estética de Merleau-Ponty.
A questão central deste estudo é, no fundo, a da gênese do sentido e da função das “idealidades” (unidades de significação culturalmente relevantes) naquilo a que poderíamos chamar a arquitectura semântica do mundo humano. A perspectiva radicalmente anti-idealista que caracteriza a teoria do sentido de Merleau-Ponty é correlativa da sua fenomenologia do mundo, uma fenomenologia do sentir e da carne.
Os resultados deste primeiro estudo são aplicados e alargados, num segundo, a algumas questões de filosofia da cultura e filosofia da história – e é aqui, portanto, que a questão do tempo se começa a impor à reflexão. Como é que o “espírito” se torna visível no mundo humano?
Como pensar a sua aparição, no tempo e nas ações dos homens, na forma daquilo a que se chama cultura?
Formulada assim, a questão torna inevitável um confronto com a filosofia hegeliana da cultura e da história. Mais uma vez a perspectiva de Merleau-Ponty vai no sentido de uma crítica do idealismo (desta vez na sua versão hegeliana). Ela conduz a uma inversão daquilo a que o teólogo Jakob Taubes chamou “escatologia ocidental”: em vez de pensar o mundo a partir da História vai-se pensar a história a partir da relação ao mundo (do être-au-monde).
Nesta perspectiva, a fenomenologia da percepção torna-se o fundamento da teoria da história e da filosofia da cultura. É neste contexto que, em Merleau-Ponty, a estética da pintura adquire valor de paradigma para pensar a história, muito para lá da simples história de uma arte.

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Na primeira parte, a questão da relação ao mundo começa por ser abordada num estudo dedicado à fenomenologia da visão e à estética de Merleau-Ponty.
A questão central deste estudo é, no fundo, a da gênese do sentido e da função das “idealidades” (unidades de significação culturalmente relevantes) naquilo a que poderíamos chamar a arquitectura semântica do mundo humano. A perspectiva radicalmente anti-idealista que caracteriza a teoria do sentido de Merleau-Ponty é correlativa da sua fenomenologia do mundo, uma fenomenologia do sentir e da carne.
Os resultados deste primeiro estudo são aplicados e alargados, num segundo, a algumas questões de filosofia da cultura e filosofia da história – e é aqui, portanto, que a questão do tempo se começa a impor à reflexão. Como é que o “espírito” se torna visível no mundo humano?
Como pensar a sua aparição, no tempo e nas ações dos homens, na forma daquilo a que se chama cultura?
Formulada assim, a questão torna inevitável um confronto com a filosofia hegeliana da cultura e da história. Mais uma vez a perspectiva de Merleau-Ponty vai no sentido de uma crítica do idealismo (desta vez na sua versão hegeliana). Ela conduz a uma inversão daquilo a que o teólogo Jakob Taubes chamou “escatologia ocidental”: em vez de pensar o mundo a partir da História vai-se pensar a história a partir da relação ao mundo (do être-au-monde).
Nesta perspectiva, a fenomenologia da percepção torna-se o fundamento da teoria da história e da filosofia da cultura. É neste contexto que, em Merleau-Ponty, a estética da pintura adquire valor de paradigma para pensar a história, muito para lá da simples história de uma arte.

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