Hannah Arendt

Hannah Arendt afirmou mais de uma vez que o pensamento tem de estar enraizado na experiência e só estabelece algo de relevante e significativo se permanece nessa situação.

A sua condição de pensadora política dentre as mais destacadas do século XX não pode ser compreendida se pensarmos nela apenas como mais uma herdeira da tradição da filosofia alemã. Ainda que já em seus primeiros escritos se refletisse uma preocupação com a existência do homem no mundo mais que com qualquer princípio puramente metafísico, foram os eventos extremos do seu tempo que a atingiram frontalmente e desafiaram sua capacidade de compreender.
Aceitar o desafio, para ela, significou pensar a fundo o totalitarismo, o evento que tornou um fato do mundo o que antes era parte apenas da história do pensamento: a ruptura do fio da tradição ocidental e, por conseguinte, das afinidades que estabeleceu. O que é marcante no pensamento de Arendt é a consciência do ocaso do político nos nossos tempos, consciência que também atua como ponto de partida de uma reflexão que, na sua busca por compreensão, tem em mente o caráter irremediável daquela ruptura.
Em um contexto pós-tradicional, no qual não podemos pressupor que o homem seja um animal político, como os antigos, nem considerar como assentados os tradicionais princípios que eram também os fundamentos da moralidade, a questão que se propõe é como estabelecer os necessários espaços públicos, nos quais os homens não apenas atualizem sua capacidade de agir e vivam a cidadania, mas também os preservem como espaços de visibilidade em que a grandeza fugaz da frágil existência humana possa aparecer e ser rememorada.
Em sua reflexão sobre a política, Hannah Arendt tem sempre em conta o conflito entre aquele que elegeu o pensar como modo de vida e aquele que se dedica à ação. A condenação do filósofo pela pólis, no evento emblemático que foi o julgamento e a morte de Sócrates, teria feito com que o filósofo e o político seguissem caminhos antagônicos, mais que distintos. Os filósofos passaram então a se ocupar em seu pensamento com o domínio dos assuntos humanos não por um interesse autêntico pelos eventos no mundo ou pelos feitos dos homens, mas devido a uma preocupação com o estabelecimento de condições mais seguras para o exercício da atividade filosófica.

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Hannah Arendt afirmou mais de uma vez que o pensamento tem de estar enraizado na experiência e só estabelece algo de relevante e significativo se permanece nessa situação. A sua condição de pensadora política dentre as mais destacadas do século XX não pode ser compreendida se pensarmos nela apenas como mais uma herdeira da tradição da filosofia alemã. Ainda que já em seus primeiros escritos se refletisse uma preocupação com a existência do homem no mundo mais que com qualquer princípio puramente metafísico, foram os eventos extremos do seu tempo que a atingiram frontalmente e desafiaram sua capacidade de compreender.
Aceitar o desafio, para ela, significou pensar a fundo o totalitarismo, o evento que tornou um fato do mundo o que antes era parte apenas da história do pensamento: a ruptura do fio da tradição ocidental e, por conseguinte, das afinidades que estabeleceu. O que é marcante no pensamento de Arendt é a consciência do ocaso do político nos nossos tempos, consciência que também atua como ponto de partida de uma reflexão que, na sua busca por compreensão, tem em mente o caráter irremediável daquela ruptura.
Em um contexto pós-tradicional, no qual não podemos pressupor que o homem seja um animal político, como os antigos, nem considerar como assentados os tradicionais princípios que eram também os fundamentos da moralidade, a questão que se propõe é como estabelecer os necessários espaços públicos, nos quais os homens não apenas atualizem sua capacidade de agir e vivam a cidadania, mas também os preservem como espaços de visibilidade em que a grandeza fugaz da frágil existência humana possa aparecer e ser rememorada.
Em sua reflexão sobre a política, Hannah Arendt tem sempre em conta o conflito entre aquele que elegeu o pensar como modo de vida e aquele que se dedica à ação. A condenação do filósofo pela pólis, no evento emblemático que foi o julgamento e a morte de Sócrates, teria feito com que o filósofo e o político seguissem caminhos antagônicos, mais que distintos. Os filósofos passaram então a se ocupar em seu pensamento com o domínio dos assuntos humanos não por um interesse autêntico pelos eventos no mundo ou pelos feitos dos homens, mas devido a uma preocupação com o estabelecimento de condições mais seguras para o exercício da atividade filosófica.

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