A Construção Intelectual Do Brasil Contemporâneo

A sensação de insegurança que a falta de recuo histórico transmite nos levou a engavetar por longo tempo a publicação deste livro, cujo objeto central é uma instituição à qual estiveram associadas muitas das principais figuras da vida política brasileira contemporânea, tanto do governo como da oposição.

Particularmente, o fato de que o atual presidente da República tenha sido um dos fundadores e principais membros do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) aumenta o risco da interpretação anacrônica — a tentação de reduzir o passado a uma premonição do presente —, perigo que, na medida do possível, procurei evitar, e que discuto na terceira parte do livro, num ensaio intitulado “Fernando Henrique Cardoso: o sociólogo e o político”.
Este trabalho inclui dois textos, ambos inéditos, escritos em momentos diferentes. O primeiro, baseado numa pesquisa realizada em 1980 e 1981, concentra-se na trajetória do Cebrap nos anos 70 e em suas relações com a luta pela democracia e a comunidade científica. Embora atualizado quando necessário para facilitar a leitura, procurei manter a versão original, escrita sob influência direta do ambiente da época e das entrevistas realizadas com a maioria dos membros do Cebrap. Acredito que o que perdi em perspectiva foi compensado pelo realismo das informações recolhidas quando a vivência era ainda próxima, antes que as artimanhas da memória, afetada pelo passar do tempo, começassem a desfigurar o passado.O segundo texto, escrito recentemente, uma discussão do problema da filiação do saber em ciências sociais, isto é, dos problemas de continuidade e cumulatividade do conhecimento social e das relações complexas entre ciência social, cultura nacional e a dinâmica da comunidade científica.Entrevistas com cientistas sociais constituem um desafio particular, na medida em que estes nos oferecem permanentemente sua própria interpretação sociológica dos acontecimentos. Mais ainda quando as pessoas entrevistadas foram Cândido Procópio Ferreira Camargo, Francisco de Oliveira, Elza Berquó, Carlos Estevam Martins, Bolívar Lamounier, Juarez Brandão Lopes, José Arthur Giannotti, Paul Singer, Vilmar Faria e Fernando Henrique Cardoso. Este último, então presidente do Cebrap, não somente colocou à nossa disposição as facilidades do Centro como abriu seus arquivos pessoais a nossa pesquisa. A todos eles nossa gratidão, extensiva a Danielle Ardaillon, na época secretária-executiva da instituição.

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A sensação de insegurança que a falta de recuo histórico transmite nos levou a engavetar por longo tempo a publicação deste livro, cujo objeto central é uma instituição à qual estiveram associadas muitas das principais figuras da vida política brasileira contemporânea, tanto do governo como da oposição. Particularmente, o fato de que o atual presidente da República tenha sido um dos fundadores e principais membros do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) aumenta o risco da interpretação anacrônica — a tentação de reduzir o passado a uma premonição do presente —, perigo que, na medida do possível, procurei evitar, e que discuto na terceira parte do livro, num ensaio intitulado “Fernando Henrique Cardoso: o sociólogo e o político”.
Este trabalho inclui dois textos, ambos inéditos, escritos em momentos diferentes. O primeiro, baseado numa pesquisa realizada em 1980 e 1981, concentra-se na trajetória do Cebrap nos anos 70 e em suas relações com a luta pela democracia e a comunidade científica. Embora atualizado quando necessário para facilitar a leitura, procurei manter a versão original, escrita sob influência direta do ambiente da época e das entrevistas realizadas com a maioria dos membros do Cebrap. Acredito que o que perdi em perspectiva foi compensado pelo realismo das informações recolhidas quando a vivência era ainda próxima, antes que as artimanhas da memória, afetada pelo passar do tempo, começassem a desfigurar o passado.O segundo texto, escrito recentemente, uma discussão do problema da filiação do saber em ciências sociais, isto é, dos problemas de continuidade e cumulatividade do conhecimento social e das relações complexas entre ciência social, cultura nacional e a dinâmica da comunidade científica.Entrevistas com cientistas sociais constituem um desafio particular, na medida em que estes nos oferecem permanentemente sua própria interpretação sociológica dos acontecimentos. Mais ainda quando as pessoas entrevistadas foram Cândido Procópio Ferreira Camargo, Francisco de Oliveira, Elza Berquó, Carlos Estevam Martins, Bolívar Lamounier, Juarez Brandão Lopes, José Arthur Giannotti, Paul Singer, Vilmar Faria e Fernando Henrique Cardoso. Este último, então presidente do Cebrap, não somente colocou à nossa disposição as facilidades do Centro como abriu seus arquivos pessoais a nossa pesquisa. A todos eles nossa gratidão, extensiva a Danielle Ardaillon, na época secretária-executiva da instituição.

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