Em Torno De Marx

O pensamento de Marx está sendo submetido a uma severa revisão. Os que usam as ideias do mestre, ou simpatizam com elas, vêm manifestando certa perplexidade. O marxismo morreu? se ainda está vivo, onde se acham seus centros de elaboração teórica mais influentes?


Por mais brilhante que tenha sido à época de sua criação no século XIX, por mais notável que tenha sido sua marca no século XX, o marxismo se ressente das graves derrotas que tem sofrido neste início do século XXI. Desde o começo da sua intervenção no movimento operário europeu, o marxismo vem tendo uma trajetória acidentada.
Marx deixou claro que não gostava do nome “marxismo”, via-o com má vontade. E a má vontade se justificou quando, após sua morte e sem que Friedrich Engels (1820-1895) pudesse impedir, o termo passou a circular com grande desenvoltura, designando um conjunto de ideias que vinha de Marx mas articulava-se de maneira peculiar.
No fim do século XIX, Karl Kautsky (1854-1938), com o prestígio e o poder de quem era reconhecido simultaneamente como maior teórico marxista e secretário-geral do primeiro partido de massas na história do ocidente, o Partido Social-Democrata da Alemanha, contribuiu de maneira decisiva para a adoção de um conjunto de textos de Marx que foram preparados para ser lidos, estudados e traduzidos na ação pelos militantes.
Marx, como sabemos, escreveu muito. A edição MEW (Marx-Engels-Werke) tem 45 volumes1. Pouquíssimas pessoas tinham condições de ler tudo que ele escreveu. Por isso, Kautsky teve enorme sucesso quando selecionou os textos que lhe pareciam ser, de fato, os mais importantes. As ideias de Marx foram organizadas como uma “doutrina”, algumas foram descontextualizadas, outras sofreram uma simplificação excessiva, justificada em nome da urgência da ação.
A redução do aspecto filosófico do pensamento de Marx às fórmulas teórico-políticas dificultava aos leitores o entendimento dos conceitos que o pensador alemão criava. Aliás, esta é uma diferença a ser levada em conta: Marx criava seus conceitos; os leitores da versão doutrinária do marxismo kautskiano encontravam as ideias feitas e, em alguns casos, pré-digeridas.

  

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Por mais brilhante que tenha sido à época de sua criação no século XIX, por mais notável que tenha sido sua marca no século XX, o marxismo se ressente das graves derrotas que tem sofrido neste início do século XXI. Desde o começo da sua intervenção no movimento operário europeu, o marxismo vem tendo uma trajetória acidentada.
Marx deixou claro que não gostava do nome “marxismo”, via-o com má vontade. E a má vontade se justificou quando, após sua morte e sem que Friedrich Engels (1820-1895) pudesse impedir, o termo passou a circular com grande desenvoltura, designando um conjunto de ideias que vinha de Marx mas articulava-se de maneira peculiar.
No fim do século XIX, Karl Kautsky (1854-1938), com o prestígio e o poder de quem era reconhecido simultaneamente como maior teórico marxista e secretário-geral do primeiro partido de massas na história do ocidente, o Partido Social-Democrata da Alemanha, contribuiu de maneira decisiva para a adoção de um conjunto de textos de Marx que foram preparados para ser lidos, estudados e traduzidos na ação pelos militantes.
Marx, como sabemos, escreveu muito. A edição MEW (Marx-Engels-Werke) tem 45 volumes1. Pouquíssimas pessoas tinham condições de ler tudo que ele escreveu. Por isso, Kautsky teve enorme sucesso quando selecionou os textos que lhe pareciam ser, de fato, os mais importantes. As ideias de Marx foram organizadas como uma “doutrina”, algumas foram descontextualizadas, outras sofreram uma simplificação excessiva, justificada em nome da urgência da ação.
A redução do aspecto filosófico do pensamento de Marx às fórmulas teórico-políticas dificultava aos leitores o entendimento dos conceitos que o pensador alemão criava. Aliás, esta é uma diferença a ser levada em conta: Marx criava seus conceitos; os leitores da versão doutrinária do marxismo kautskiano encontravam as ideias feitas e, em alguns casos, pré-digeridas.

  

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