Espírito De Vingança E Redenção Da Vontade Em ‘Assim Falou Zaratustra’

O nosso propósito é realizar uma interpretação do discurso da redenção, procurando, sobretudo, esclarecer os conceitos de redenção e espírito de vingança e suas possíveis conexões com a compreensão vulgar e originária do tempo

e com as imagens dos aleijados, do corcunda e do aleijado às avessas que aparecem ao longo do discurso.
Com esse intuito, procuraremos mostrar que Nietzsche pensa a redenção a partir de uma perspectiva bastante distinta da tradição metafísica, platônico-cristã, ao pensá-la como o incondicional dizer sim à vida, ou seja, ao tempo de constituição e irrupção de vida.
Trata-se, na verdade, de uma experiência de interpretação que enquanto experimento é sempre algo provisório, efêmero, precário, pois é precário todo intento de defrontar-se com o enigma da vida e com os subterrâneos da dor-homem, a dor de precisar dizer diante do foi que assim eu o quis! e de não poder, em nenhuma hora e lugar, ser senhor, sujeito.
No discurso de velhas e novas tábuas Zaratustra mostra que como poeta e decifrador de enigmas ensinou os homens a criar o futuro e a redimir, de maneira criadora, tudo o que foi.
“Redimir o passado no homem e recriar todo foi, até que a vontade diga: ‘porém assim eu quis! Assim hei de querer ―’” Redimir, como recriar o foi, é dar destino ao acaso, é ensinar a criar o futuro, a conquistar aquilo que se herdou (foi) para fazê-lo seu.
Em Ecce homo, Nietzsche diz que a tarefa de Zaratustra, que também é a sua, é afirmativa até a justificação e redenção de tudo o que passou. O que passou, como herança, não é, no entanto, uma coisa, um fato, mas vontade, possibilidade de ser.
A redenção do desejo de não-mais-querer, não-maiscriar, do grande cansaço, que Zaratustra procura afastar de si.
O querer liberta, ele diz, pois querer é criar, partir as velhas tábuas de valores e escrever as novas. O que se deve aprender é a criar, mas para isso é preciso, diz Zaratustra, que os homens aprendem com ele a aprender, a livrar-se das tábuas criadas pelo cansaço e pela preguiça, pelo espírito de vingança.
Desde cansaço e preguiça cria a alma enfadada do caminho, que é o querer, e por isso essa alma diz que prefere não querer mais, pois tudo que se quer é para nada, é em vão. E mesmo nas almas que se elevam, o cansaço, como verme rastejante, adivinha o ponto em que estão cansadas, construindo ali o seu repugnante ninho. Por isso, diz Zaratustra, “como as almas mais elevadas não haveriam de ter os piores parasitas?”

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O nosso propósito é realizar uma interpretação do discurso da redenção, procurando, sobretudo, esclarecer os conceitos de redenção e espírito de vingança e suas possíveis conexões com a compreensão vulgar e originária do tempo e com as imagens dos aleijados, do corcunda e do aleijado às avessas que aparecem ao longo do discurso.
Com esse intuito, procuraremos mostrar que Nietzsche pensa a redenção a partir de uma perspectiva bastante distinta da tradição metafísica, platônico-cristã, ao pensá-la como o incondicional dizer sim à vida, ou seja, ao tempo de constituição e irrupção de vida.
Trata-se, na verdade, de uma experiência de interpretação que enquanto experimento é sempre algo provisório, efêmero, precário, pois é precário todo intento de defrontar-se com o enigma da vida e com os subterrâneos da dor-homem, a dor de precisar dizer diante do foi que assim eu o quis! e de não poder, em nenhuma hora e lugar, ser senhor, sujeito.
No discurso de velhas e novas tábuas Zaratustra mostra que como poeta e decifrador de enigmas ensinou os homens a criar o futuro e a redimir, de maneira criadora, tudo o que foi.
“Redimir o passado no homem e recriar todo foi, até que a vontade diga: ‘porém assim eu quis! Assim hei de querer ―’” Redimir, como recriar o foi, é dar destino ao acaso, é ensinar a criar o futuro, a conquistar aquilo que se herdou (foi) para fazê-lo seu.
Em Ecce homo, Nietzsche diz que a tarefa de Zaratustra, que também é a sua, é afirmativa até a justificação e redenção de tudo o que passou. O que passou, como herança, não é, no entanto, uma coisa, um fato, mas vontade, possibilidade de ser.
A redenção do desejo de não-mais-querer, não-maiscriar, do grande cansaço, que Zaratustra procura afastar de si.
O querer liberta, ele diz, pois querer é criar, partir as velhas tábuas de valores e escrever as novas. O que se deve aprender é a criar, mas para isso é preciso, diz Zaratustra, que os homens aprendem com ele a aprender, a livrar-se das tábuas criadas pelo cansaço e pela preguiça, pelo espírito de vingança.
Desde cansaço e preguiça cria a alma enfadada do caminho, que é o querer, e por isso essa alma diz que prefere não querer mais, pois tudo que se quer é para nada, é em vão. E mesmo nas almas que se elevam, o cansaço, como verme rastejante, adivinha o ponto em que estão cansadas, construindo ali o seu repugnante ninho. Por isso, diz Zaratustra, “como as almas mais elevadas não haveriam de ter os piores parasitas?”

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