Clarice Lispector

O surgimento de Clarice Lispector no cenário literário brasileiro dos anos 40 representou um verdadeiro choque para críticos e leitores da época.
E continua sendo até hoje uma experiência, no limite, indecifrável, seja para seu público cativo, seja para os que dela se aproximam pela primeira vez.


Daí, talvez, as centenas de artigos, ensaios e teses que rondam sua obra, tentando decifrar o que, afinal, provocaria tanto fascínio para alguns e tanto mal estar e perplexidade para outros, mitificada ou rejeitada ao longo de mais de 30 anos de produção literária — passando por romances, contos, crônicas e livros infantis —, a mulher e escritora Clarice Lispector resiste a todas as tentativas de enquadramentos, classificações ou definições.
O que ela pensava da vida talvez pudesse estender-se a sua própria pessoa: "O mundo me parece uma coisa vasta demais e sem síntese possível".
Em vários depoimentos, entrevistas e cartas, ela insistia em preservar-se, mas Ilustrava as expectativas de que fosse uma personalidade misteriosa ou exótica: "Levo uma vida muito corriqueira. Crio meus filhos. Cuido da casa. Gosto de ver meus amigos. O resto é mito".
A amiga e confidente Olga Borelli, que partilhou do cotidiano de Clarice Lispector nos últimos anos de vicia da autora, confirma: "Ela era uma dona-de-casa que escrevia romances e contos".
Com a máquina de escrever no colo, produzia seus livros com os filhos ao redor, atendendo ao telefone, chamando a empregada e recebendo os amigos.
Mesmo tendo evitado expor sua intimidade ao público, Clarice Lispector fez de seus textos um vasto itinerário de uma identidade inquieta e turbulenta, inadaptável às expectativas sociais, obsessiva na captura de si mesma e do outro, desmascarando, sob o verniz do cotidiano, um mundo de desejos e fantasias inconfessáveis.
É possível conhecê-la através de inúmeros vestígios, indícios e revelações, dispersos sob as falas de tantas personagens, narradores implícitos ou interpostos, ou ainda nos vários fragmentos — espécies de epigrama e aforismo — que aparecem infiltrados num corpo textual incomum.
A literatura de uma das mais importantes escritoras brasileiras está, portanto, muito além da simplicidade doméstica que seu cotidiano faz crer.

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Daí, talvez, as centenas de artigos, ensaios e teses que rondam sua obra, tentando decifrar o que, afinal, provocaria tanto fascínio para alguns e tanto mal estar e perplexidade para outros, mitificada ou rejeitada ao longo de mais de 30 anos de produção literária — passando por romances, contos, crônicas e livros infantis —, a mulher e escritora Clarice Lispector resiste a todas as tentativas de enquadramentos, classificações ou definições.
O que ela pensava da vida talvez pudesse estender-se a sua própria pessoa: “O mundo me parece uma coisa vasta demais e sem síntese possível”.
Em vários depoimentos, entrevistas e cartas, ela insistia em preservar-se, mas Ilustrava as expectativas de que fosse uma personalidade misteriosa ou exótica: “Levo uma vida muito corriqueira. Crio meus filhos. Cuido da casa. Gosto de ver meus amigos. O resto é mito”.
A amiga e confidente Olga Borelli, que partilhou do cotidiano de Clarice Lispector nos últimos anos de vicia da autora, confirma: “Ela era uma dona-de-casa que escrevia romances e contos”.
Com a máquina de escrever no colo, produzia seus livros com os filhos ao redor, atendendo ao telefone, chamando a empregada e recebendo os amigos.
Mesmo tendo evitado expor sua intimidade ao público, Clarice Lispector fez de seus textos um vasto itinerário de uma identidade inquieta e turbulenta, inadaptável às expectativas sociais, obsessiva na captura de si mesma e do outro, desmascarando, sob o verniz do cotidiano, um mundo de desejos e fantasias inconfessáveis.
É possível conhecê-la através de inúmeros vestígios, indícios e revelações, dispersos sob as falas de tantas personagens, narradores implícitos ou interpostos, ou ainda nos vários fragmentos — espécies de epigrama e aforismo — que aparecem infiltrados num corpo textual incomum.
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