O Caos E A Harmonia

Assistimos, neste final do século XX, a uma verdadeira reviravolta na nossa forma de conceber o mundo. Depois de ter dominado o pensamento ocidental durante 300 anos, a visão newtoniana de um universo fragmentado, mecanicista e determinista deu lugar à visão de um mundo holístico

, indeterminista e exuberante de criatividade.
Para Newton, o universo mais não era que uma imensa máquina composta por partículas materialmente inertes, submetidas a forças cegas. A partir de um pequeno número de leis físicas, toda a história de um sistema podia ser explicada e prevista, desde que se conseguisse caracterizá-lo num dado instante. O futuro estava contido no presente e no passado, e o tempo era, de alguma forma, abolido. Encontrávamo-nos, pois, perante uma estranha dicotomia: por um lado, leis da Natureza invariantes e intemporais; por outro, um mundo mutável e contingente; por um lado, leis da física, que não conhecem a direção do tempo; por outro, um tempo termodinâmico e psicológico, que progride constantemente. Um castelo não conservado cai em ruínas, uma flor morre e os nossos cabelos embranquecem com o passar do tempo; nunca o inverso. O Universo estava encerrado numa rígida camisa de forças que lhe retirava toda a criatividade e lhe proibia em absoluto a inovação. Tudo estava irremediavelmente fixado à partida, e não era permitida qualquer surpresa. Circunstância que deu origem à célebre frase de Friedrich Hegel: "Nunca há nada de novo na Natureza". Era um mundo onde o reducionismo dominava como rei e senhor. Bastava decompor um sistema complexo nos seus elementos mais simples e estudar o comportamento das suas partes para compreender o todo. Porque o todo não era nem mais nem menos que a soma dos seus componentes. Existia uma relação direta entre a causa e o efeito. A amplitude do efeito era invariavelmente proporcional à intensidade da causa e podia ser determinada à partida.
Este determinismo limitativo e esterilizante e este reducionismo rígido e desumanizador prevaleceram até ao final do século XIX. Foram abalados, transformados, e finalmente varridos por uma visão muito mais exaltante e libertadora, que se constituiu no decurso do século XX. A dimensão histórica entrou em força numa série de disciplinas científicas. A contingência ocupou o lugar que lhe competia por direito próprio em domínios tão variados como a cosmologia, a astrofísica, a geologia, a biologia, a genética.

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Assistimos, neste final do século XX, a uma verdadeira reviravolta na nossa forma de conceber o mundo. Depois de ter dominado o pensamento ocidental durante 300 anos, a visão newtoniana de um universo fragmentado, mecanicista e determinista deu lugar à visão de um mundo holístico, indeterminista e exuberante de criatividade.
Para Newton, o universo mais não era que uma imensa máquina composta por partículas materialmente inertes, submetidas a forças cegas. A partir de um pequeno número de leis físicas, toda a história de um sistema podia ser explicada e prevista, desde que se conseguisse caracterizá-lo num dado instante. O futuro estava contido no presente e no passado, e o tempo era, de alguma forma, abolido. Encontrávamo-nos, pois, perante uma estranha dicotomia: por um lado, leis da Natureza invariantes e intemporais; por outro, um mundo mutável e contingente; por um lado, leis da física, que não conhecem a direção do tempo; por outro, um tempo termodinâmico e psicológico, que progride constantemente. Um castelo não conservado cai em ruínas, uma flor morre e os nossos cabelos embranquecem com o passar do tempo; nunca o inverso. O Universo estava encerrado numa rígida camisa de forças que lhe retirava toda a criatividade e lhe proibia em absoluto a inovação. Tudo estava irremediavelmente fixado à partida, e não era permitida qualquer surpresa. Circunstância que deu origem à célebre frase de Friedrich Hegel: “Nunca há nada de novo na Natureza”. Era um mundo onde o reducionismo dominava como rei e senhor. Bastava decompor um sistema complexo nos seus elementos mais simples e estudar o comportamento das suas partes para compreender o todo. Porque o todo não era nem mais nem menos que a soma dos seus componentes. Existia uma relação direta entre a causa e o efeito. A amplitude do efeito era invariavelmente proporcional à intensidade da causa e podia ser determinada à partida.
Este determinismo limitativo e esterilizante e este reducionismo rígido e desumanizador prevaleceram até ao final do século XIX. Foram abalados, transformados, e finalmente varridos por uma visão muito mais exaltante e libertadora, que se constituiu no decurso do século XX. A dimensão histórica entrou em força numa série de disciplinas científicas. A contingência ocupou o lugar que lhe competia por direito próprio em domínios tão variados como a cosmologia, a astrofísica, a geologia, a biologia, a genética.

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