Serenidade

Martin Heidegger - Serenidade

Serenidade expõe a perspectiva de Heidegger a respeito da dificuldade do homem atual de conceber um pensamento reflexivo, embotado que está pela onipotência da tecnologia contemporânea.

O homem atual é vítima frequente da pobreza de pensamentos,  a despeito da possibilidade de um contato  imediato  com  toda  espécie de conhecimento.

Não se trata de uma renúncia à capacidade de pensar, mas de uma constatada improdutividade de seu “espírito” e de sua “razão”. Essa crescente ausência/fuga de pensamentos, geralmente não admitida pelo indivíduo, resulta de uma preferência pelo ‘pensamento que calcula’ (caracterizado pela planificação, pesquisa e investigação), em detrimento do ‘pensamento que medita’ (marcado pela reflexão sobre o sentido da existência e das coisas), como Heidegger os denomina.

Há o perigo da revolução da técnica deslumbrar e enfeitiçar o homem a ponto do pensamento que calcula tornar-se o único exercido e admitido, impedindo a reflexão, redundando numa ausência total de pensamentos.

No entanto, embora o pensamento que medita requeira um pouco mais de esforço e treino, está acessível a qualquer um que se disponha a refletir, a demorar-se “junto do que está perto”, meditando “sobre o que está mais próximo”, no aqui e agora.

O problema apontado por Heidegger é o da ameaça ao enraizamento das obras do homem atual, resultante das contingências de seu destino, de seu modo de vida negligente e superficial e, principalmente, do espírito de sua época, que o mantém afastado da meditação sobre a era atual.

O não questionamento das representações que dominam a visão de mundo do homem contemporâneo, proporcionadas pelo que Heidegger aponta como filosofia moderna, converteu sua relação com a realidade em uma conexão meramente técnica, onde a natureza tornou-se um objeto de investida do pensamento que calcula.

O poder da ciência e da técnica contemporâneas passou a determinar as relações do homem com tudo o que existe, solicitando-o, prendendo-o, arrastando-o e afligindo-o, de tal modo que suplantou sua vontade e sua capacidade de decisão.

Embora as realizações da técnica possam tornar-se públicas e admiradas rapidamente, isso não garante ao homem um conhecimento reflexivo sobre o que ouve ou lê, nem lhe dá a oportunidade de praticar o pensamento que medita, para lidar de forma adequada com tudo que emerge ao seu redor.

Isso apenas denota o fato inquietante do homem estar despreparado para essa transformação do mundo, mostrando-se passivo e indefeso para enfrentar a prepotência da técnica, deixando-se escravizar pelos objetos.

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O homem atual é vítima frequente da pobreza de pensamentos,  a despeito da possibilidade de um contato  imediato  com  toda  espécie de conhecimento.

Não se trata de uma renúncia à capacidade de pensar, mas de uma constatada improdutividade de seu “espírito” e de sua “razão”. Essa crescente ausência/fuga de pensamentos, geralmente não admitida pelo indivíduo, resulta de uma preferência pelo ‘pensamento que calcula’ (caracterizado pela planificação, pesquisa e investigação), em detrimento do ‘pensamento que medita’ (marcado pela reflexão sobre o sentido da existência e das coisas), como Heidegger os denomina.

Há o perigo da revolução da técnica deslumbrar e enfeitiçar o homem a ponto do pensamento que calcula tornar-se o único exercido e admitido, impedindo a reflexão, redundando numa ausência total de pensamentos.

No entanto, embora o pensamento que medita requeira um pouco mais de esforço e treino, está acessível a qualquer um que se disponha a refletir, a demorar-se “junto do que está perto”, meditando “sobre o que está mais próximo”, no aqui e agora.

O problema apontado por Heidegger é o da ameaça ao enraizamento das obras do homem atual, resultante das contingências de seu destino, de seu modo de vida negligente e superficial e, principalmente, do espírito de sua época, que o mantém afastado da meditação sobre a era atual.

O não questionamento das representações que dominam a visão de mundo do homem contemporâneo, proporcionadas pelo que Heidegger aponta como filosofia moderna, converteu sua relação com a realidade em uma conexão meramente técnica, onde a natureza tornou-se um objeto de investida do pensamento que calcula.

O poder da ciência e da técnica contemporâneas passou a determinar as relações do homem com tudo o que existe, solicitando-o, prendendo-o, arrastando-o e afligindo-o, de tal modo que suplantou sua vontade e sua capacidade de decisão.

Embora as realizações da técnica possam tornar-se públicas e admiradas rapidamente, isso não garante ao homem um conhecimento reflexivo sobre o que ouve ou lê, nem lhe dá a oportunidade de praticar o pensamento que medita, para lidar de forma adequada com tudo que emerge ao seu redor.

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