A Crise E Seus Efeitos

A crise do capitalismo global que se desenvolve desde 2008 não é meramente econômica. É estrutural e multidimensional. Os acontecimentos que ocorreram, no seu rescaldo imediato, mostram que estamos entrando num mundo com condições econômicas e sociais muito diferentes

daquelas que caracterizaram o crescimento global do capitalismo informacional nas últimas três décadas. As políticas e as estratégias desenvolvidas para gerir a crise — com resultados diferenciados dependendo do país — podem levar-nos a um sistema econômico e financeiro completamente diferente, como o New Deal, a construção do Estado social europeu e a arquitetura financeira global de Bretton Woods deram lugar ao crescimento de uma nova forma de capitalismo no rescaldo da Depressão da década de 1930 e da Segunda Guerra Mundial. Esse capitalismo keynesiano foi, ele próprio, posto em causa depois da crise da década de 1970 e da reestruturação que teve lugar sob a influência combinada de três desenvolvimentos independentes mas inter-relacionados: um novo paradigma tecnológico, uma nova forma de globalização e as novas culturas que emergiram dos movimentos sociais dos anos 1960 e 1970. A mudança cultural foi marcada pela irresistível ascensão da cultura da liberdade. As inovações tecnológicas que mudaram o mundo foram alimentadas nos campi das universidades de pesquisa e trouxeram simultaneamente a paixão pela descoberta e a insubordinação contra o sistema corporativo. O empreendedorismo enraizou-se na cultura de individualização que superou a ação social organizada e as burocracias do Estado. Contudo, a cultura da liberdade e do empreendedorismo também abriu caminho à onda de desregulamentação, privatização e liberalização que fez estremecer a economia mundial, alterou os fundamentos das instituições econômicas e desencadeou a globalização do mercado livre.
O novo sistema, o capitalismo informacional global e a sua estrutura social, a sociedade em rede, exibiram algumas características historicamente irreversíveis, como a lógica da sociedade em rede global baseada numa rede digital na qual se encontra o núcleo de todas as atividades humanas, juntamente com alguns elementos submetidos a eventuais mudanças sob o impacto da crise decorrente das contradições desse modelo de crescimento econômico. Assim, a atual crise decorre das tendências destrutivas induzidas pelas dinâmicas de um capitalismo global desregulado, ancorado num mercado financeiro sem restrições, feito de redes informáticas globais e alimentado por uma produção incessante de títulos artificiais, como fonte de acumulação e empréstimos de capital.

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A crise do capitalismo global que se desenvolve desde 2008 não é meramente econômica. É estrutural e multidimensional. Os acontecimentos que ocorreram, no seu rescaldo imediato, mostram que estamos entrando num mundo com condições econômicas e sociais muito diferentes daquelas que caracterizaram o crescimento global do capitalismo informacional nas últimas três décadas. As políticas e as estratégias desenvolvidas para gerir a crise — com resultados diferenciados dependendo do país — podem levar-nos a um sistema econômico e financeiro completamente diferente, como o New Deal, a construção do Estado social europeu e a arquitetura financeira global de Bretton Woods deram lugar ao crescimento de uma nova forma de capitalismo no rescaldo da Depressão da década de 1930 e da Segunda Guerra Mundial. Esse capitalismo keynesiano foi, ele próprio, posto em causa depois da crise da década de 1970 e da reestruturação que teve lugar sob a influência combinada de três desenvolvimentos independentes mas inter-relacionados: um novo paradigma tecnológico, uma nova forma de globalização e as novas culturas que emergiram dos movimentos sociais dos anos 1960 e 1970. A mudança cultural foi marcada pela irresistível ascensão da cultura da liberdade. As inovações tecnológicas que mudaram o mundo foram alimentadas nos campi das universidades de pesquisa e trouxeram simultaneamente a paixão pela descoberta e a insubordinação contra o sistema corporativo. O empreendedorismo enraizou-se na cultura de individualização que superou a ação social organizada e as burocracias do Estado. Contudo, a cultura da liberdade e do empreendedorismo também abriu caminho à onda de desregulamentação, privatização e liberalização que fez estremecer a economia mundial, alterou os fundamentos das instituições econômicas e desencadeou a globalização do mercado livre.
O novo sistema, o capitalismo informacional global e a sua estrutura social, a sociedade em rede, exibiram algumas características historicamente irreversíveis, como a lógica da sociedade em rede global baseada numa rede digital na qual se encontra o núcleo de todas as atividades humanas, juntamente com alguns elementos submetidos a eventuais mudanças sob o impacto da crise decorrente das contradições desse modelo de crescimento econômico. Assim, a atual crise decorre das tendências destrutivas induzidas pelas dinâmicas de um capitalismo global desregulado, ancorado num mercado financeiro sem restrições, feito de redes informáticas globais e alimentado por uma produção incessante de títulos artificiais, como fonte de acumulação e empréstimos de capital.

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