Luís Nogueira – Manuais De Cinema V: Histórias Do Cinema
Estas Histórias do Cinema não seguem um modelo absolutamente ortodoxo, procurando antes insinuar pontos de contacto entre matérias.
Ocupámo-nos das origens do cinema, como é obrigatório, mas também dos desafios, das técnicas e das artes de que se socorre, das linguagens e do que os autores fazem com estas, dos sistemas que o organizam e dos públicos que a ele se dirigem, dos géneros em que se enforma ou dos movimentos que o mudam, das histórias que conta ou dos temas a que atende.
Não é um livro que obrigue a uma consulta sequencial nem fragmentada, mas serve ambas as opções. Não relata a história do cinema, mas trata de histórias do cinema.
Mesmo se o cinema começou com o ceticismo dos próprios progenitores que nele viam algo “sem futuro”, como referiram os irmãos Lumière, não deixa de ser certo que, enquanto arte, media ou entretenimento, o seu papel ao longo de mais de um século é de enorme relevância cultural e mesmo civilizacional.
Múltiplo nas suas manifestações, variado nas suas implicações, complexo na sua feitura ou controverso nas suas concepções, ele não pode caber nunca numa história total e definitiva. Há sempre abordagens alternativas, entradas diversas, aspetos privilegiados, assuntos negligenciados. Assim será necessariamente.
Daí que a obra aqui apresentada não tenha qualquer veleidade de um discurso definitivo ou exaustivo.
Diga-se mesmo que o que se pretende aqui é, de algum modo, conciliar as temáticas, marcos e análises canónicas, seja em termos de movimentos, autores ou sistemas, por exemplo, com uma atenção algo heterodoxa a aspetos que uma e outra vez, em nosso entender, são desmerecidos na sua relevância.
Não procurámos qualquer ruptura deliberada com as abordagens tradicionais, mas, antes, intentámos complementá-las com novas perspetivas ou com a eleição de objetos alternativos ao padrão oficial da historiografia habitual.
Ocupámo-nos da identificação de tendências e tradições canónicas, certamente, mas demos igualmente atenção aos desastres e resistências que marcaram momentos importantes da história do cinema, não esquecendo as possibilidades e novidades que este meio ofereceu à relação do sujeito com o mundo e consigo próprio.
Esperamos que, desta forma, o estatuto social e cultural do cinema, mas também os instrumentos e discursos que o rodeiam, bem como as metamorfoses que foi sofrendo, sejam, mesmo que apenas com breves indícios ou descrições, observados com novos sinais ou compreendidos sob novos ângulos.
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