Tash & Tolstói

Podemos encontrar respostas para tudo em nossos escritores favoritos... Até que as perguntas ficam complicadas demais. Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói.
Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores — e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries.
Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica — ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é: o que Tolstói faria?

A primeira coisa que você precisa saber sobre mim é: eu, Tash Zelenka, estou apaixonada pelo conde Liev Nikoláievitch Tolstói. Esse é o nome oficial dele, mas, como somos próximos, gosto de chamá-lo de Leo.
Eu o conheci em uma livraria quando tinha catorze anos. Era o começo do ano letivo e eu tinha estabelecido metas ambiciosas. A aula de inglês era fácil demais: depois de duas semanas já estava morrendo de tédio, então pesquisei romances famosos e fiz uma lista dos livros que leria naquele ano. O primeiro era Anna Kariênina, de Liev Tolstói. Dá para dizer que foi Anna Arcádievna Kariênina quem nos apresentou.
Foi amor à primeira frase. Caso esteja curioso, aqui está ela: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.
Não é perfeito? Leo sabe exatamente o que dizer para conquistar uma garota. Fiquei acordada até as três da madrugada lendo os primeiros vinte capítulos de Anna Kariênina. Me apaixonei e continuo apaixonada.
Leo e eu somos tipo Romeu e Julieta. O destino não está nem um pouco a nosso favor. Para começar, meu pai não o aprova, porque ele é russo demais. Preferiria que eu estivesse apaixonada por um bom autor tcheco, como Václav Havel ou Milan Kundera, que são caras ótimos, mas você já tentou ler A insustentável leveza do ser? Está mais para A insuportável pretensão do ser…
Outro obstáculo: Leo está morto. Bem morto. A sete palmos debaixo da terra há cento e sete anos.

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A primeira coisa que você precisa saber sobre mim é: eu, Tash Zelenka, estou apaixonada pelo conde Liev Nikoláievitch Tolstói. Esse é o nome oficial dele, mas, como somos próximos, gosto de chamá-lo de Leo.
Eu o conheci em uma livraria quando tinha catorze anos. Era o começo do ano letivo e eu tinha estabelecido metas ambiciosas. A aula de inglês era fácil demais: depois de duas semanas já estava morrendo de tédio, então pesquisei romances famosos e fiz uma lista dos livros que leria naquele ano. O primeiro era Anna Kariênina, de Liev Tolstói. Dá para dizer que foi Anna Arcádievna Kariênina quem nos apresentou.
Foi amor à primeira frase. Caso esteja curioso, aqui está ela: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.
Não é perfeito? Leo sabe exatamente o que dizer para conquistar uma garota. Fiquei acordada até as três da madrugada lendo os primeiros vinte capítulos de Anna Kariênina. Me apaixonei e continuo apaixonada.
Leo e eu somos tipo Romeu e Julieta. O destino não está nem um pouco a nosso favor. Para começar, meu pai não o aprova, porque ele é russo demais. Preferiria que eu estivesse apaixonada por um bom autor tcheco, como Václav Havel ou Milan Kundera, que são caras ótimos, mas você já tentou ler A insustentável leveza do ser? Está mais para A insuportável pretensão do ser…
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