A Identidade De Um Percurso E O Percurso De Uma Identidade

Quem se lembra das canções que, em meados da década de 1970 – naqueles pesados anos de regime militar, quando, a custo, podia-se entrever esperança de dias melhores para a nação –, compositores como Belchior, Ednardo e Fagner, entre tantos outros, puseram em circulação muito além dos domínios de seu Ceará natal, não evitará, ao ler esta obra, alguma nostalgia.
Não, claro, daquela época amargurada, amargada sob as botas da ditadura, mas da qualidade das composições então surgidas na música de consumo brasileira.


Se os compositores em questão já têm sido, desde aqueles tempos, largamente comentados por muita gente, faltava, no entanto, quem tivesse tino e fôlego para dedicar-lhes todo um trabalho analítico, ultrapassando o mero registro das suas inserções contextuais, das linhas de “influência” reconhecíveis, da petite histoire da gênese de cada um de seus discos, etc., e dando-se ao trabalho de uma análise cerrada, sem complacência, das canções enquanto tais. Este livro chega para encarar o desafio.
Originalmente uma tese acadêmica, esta obra é pioneira em fazer valer o método semiótico para decifrar por dentro tais canções, não em sua constituição técnica (de tipo gramatical, musicológico ou outro), mas antes na produção de sentido, não desprezando as peculiaridades da linguagem cancional nem tampouco seus diálogos com as composições de outros autores.
Nas canções eleitas para exame, o autor vai revelando as múltiplas fases do recorrente relato de heróis muitas vezes retratados como, eles próprios, cancionistas, situados nalgum ponto antes, durante ou depois de um processo migratório entre a terra de origem e as grandes metrópoles do Sul/Sudeste do país.
Dentro de um tal quadro, os compositores encenam as aventuras, embates, aprendizados e avaliações dos protagonistas, mais integrados ou (frequentemente) menos, mais saudosos ou menos, mais dispostos a regressar à região natal ou menos, resignados, arrependidos, revoltados... na maioria dos casos, heróis descontentes com o presente que experimentam, surgindo, em contrapartida, projeções de estados de contentamento e plenitude num instante outro, ora no passado (nostalgia), ora no futuro (esperança) – enfim, onde quer que seja, menos no agora.
Pelo caminho, vamos observando os mais diversos estados de ânimo desses sujeitos e as suas decorrentes “imagens de si” a delinear identidades sempre em percurso.

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Quem se lembra das canções que, em meados da década de 1970 – naqueles pesados anos de regime militar, quando, a custo, podia-se entrever esperança de dias melhores para a nação –, compositores como Belchior, Ednardo e Fagner, entre tantos outros, puseram em circulação muito além dos domínios de seu Ceará natal, não evitará, ao ler esta obra, alguma nostalgia.
Não, claro, daquela época amargurada, amargada sob as botas da ditadura, mas da qualidade das composições então surgidas na música de consumo brasileira.
Se os compositores em questão já têm sido, desde aqueles tempos, largamente comentados por muita gente, faltava, no entanto, quem tivesse tino e fôlego para dedicar-lhes todo um trabalho analítico, ultrapassando o mero registro das suas inserções contextuais, das linhas de “influência” reconhecíveis, da petite histoire da gênese de cada um de seus discos, etc., e dando-se ao trabalho de uma análise cerrada, sem complacência, das canções enquanto tais. Este livro chega para encarar o desafio.
Originalmente uma tese acadêmica, esta obra é pioneira em fazer valer o método semiótico para decifrar por dentro tais canções, não em sua constituição técnica (de tipo gramatical, musicológico ou outro), mas antes na produção de sentido, não desprezando as peculiaridades da linguagem cancional nem tampouco seus diálogos com as composições de outros autores.
Nas canções eleitas para exame, o autor vai revelando as múltiplas fases do recorrente relato de heróis muitas vezes retratados como, eles próprios, cancionistas, situados nalgum ponto antes, durante ou depois de um processo migratório entre a terra de origem e as grandes metrópoles do Sul/Sudeste do país.
Dentro de um tal quadro, os compositores encenam as aventuras, embates, aprendizados e avaliações dos protagonistas, mais integrados ou (frequentemente) menos, mais saudosos ou menos, mais dispostos a regressar à região natal ou menos, resignados, arrependidos, revoltados… na maioria dos casos, heróis descontentes com o presente que experimentam, surgindo, em contrapartida, projeções de estados de contentamento e plenitude num instante outro, ora no passado (nostalgia), ora no futuro (esperança) – enfim, onde quer que seja, menos no agora.
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