A Crônica Dos Wapshot

Primeiro romance de John Cheever, A crônica dos Wapshot é o retrato de uma família tradicional e decadente da Nova Inglaterra, cenário dileto das narrativas ácidas e minimalistas do autor, um dos maiores contistas americanos do século XX.

Na pequena e depauperada cidade de St. Botholphs, o patriarca da família Wapshot é operador de balsa, o que não é um grande emprego para quem descende de lendários comandantes de navio, mas ele vai levando a vida com a esposa e os filhos.
Os filhos crescem, deixam a casa dos pais para começar vida própria em Washington e Nova York, e a narrativa passa a girar em torno deles. Os dois parecem reconquistar o lugar “de direito” da família, mas o individualismo exacerbado e a vacuidade de suas existências são a tônica desta que é uma das grandes narrativas familiares do século XX.

St. Botolphs era um lugar velho, uma velha cidade à beira-rio. Havia sido porto no auge das flotilhas de Massachusetts e agora lhe restara uma fábrica de talheres e algumas poucas pequenas indústrias.
Os nativos não achavam que tinha diminuído muito em tamanho ou importância, mas a longa lista dos mortos na Guerra Civil, parafusada no canhão sobre o gramado, era um lembrete de como a localidade fora populosa na década de 1860. St. Botolphs nunca mais arregimentaria tantos soldados. O gramado ficava à sombra de uns poucos olmos imensos e era cercado por prédios comerciais que davam no quadrado da praça. O edifício Cartwright, que dominava a face oeste da praça, tinha na sobreloja uma fileira de janelas ogivais, delicadas e reprovativas como as janelas de uma igreja. Detrás dessas janelas ficavam os escritórios da Eastern Star, o dr. Bulstrode, dentista, a companhia telefônica e o corretor de seguros. Os cheiros dessas salas — o cheiro de preparados dentais, cera líquida, escarradeiras e gás de carvão — mesclavam-se no corredor do térreo como um aroma do passado. Em meio à chuva forte do outono, num mundo repleto de transformações, o gramado de St. Botolphs dava a impressão de uma permanência insólita. Na manhã do Dia da Independência, quando começava a concentração do desfile, o local parecia próspero e festivo.

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Primeiro romance de John Cheever, A crônica dos Wapshot é o retrato de uma família tradicional e decadente da Nova Inglaterra, cenário dileto das narrativas ácidas e minimalistas do autor, um dos maiores contistas americanos do século XX. Na pequena e depauperada cidade de St. Botholphs, o patriarca da família Wapshot é operador de balsa, o que não é um grande emprego para quem descende de lendários comandantes de navio, mas ele vai levando a vida com a esposa e os filhos.
Os filhos crescem, deixam a casa dos pais para começar vida própria em Washington e Nova York, e a narrativa passa a girar em torno deles. Os dois parecem reconquistar o lugar “de direito” da família, mas o individualismo exacerbado e a vacuidade de suas existências são a tônica desta que é uma das grandes narrativas familiares do século XX.

St. Botolphs era um lugar velho, uma velha cidade à beira-rio. Havia sido porto no auge das flotilhas de Massachusetts e agora lhe restara uma fábrica de talheres e algumas poucas pequenas indústrias.
Os nativos não achavam que tinha diminuído muito em tamanho ou importância, mas a longa lista dos mortos na Guerra Civil, parafusada no canhão sobre o gramado, era um lembrete de como a localidade fora populosa na década de 1860. St. Botolphs nunca mais arregimentaria tantos soldados. O gramado ficava à sombra de uns poucos olmos imensos e era cercado por prédios comerciais que davam no quadrado da praça. O edifício Cartwright, que dominava a face oeste da praça, tinha na sobreloja uma fileira de janelas ogivais, delicadas e reprovativas como as janelas de uma igreja. Detrás dessas janelas ficavam os escritórios da Eastern Star, o dr. Bulstrode, dentista, a companhia telefônica e o corretor de seguros. Os cheiros dessas salas — o cheiro de preparados dentais, cera líquida, escarradeiras e gás de carvão — mesclavam-se no corredor do térreo como um aroma do passado. Em meio à chuva forte do outono, num mundo repleto de transformações, o gramado de St. Botolphs dava a impressão de uma permanência insólita. Na manhã do Dia da Independência, quando começava a concentração do desfile, o local parecia próspero e festivo.

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