D. Pedro I: Um Herói Sem Nenhum Caráter

O ângulo escolhido por Isabel Lustosa para analisar d. Pedro I foi o do herói macunaímico - aquele sem nenhum caráter. De personalidade turbulenta, mal-educado e chucro, Pedro de Bragança e Bourbon tinha tudo para ser um péssimo governante.

Em certo sentido o foi: dizendo-se liberal, exerceu o poder de maneira autocrática, dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, humilhava os aliados e amigos, quando no Brasil se cercou de uma corja de dar medo, e admitia abertamente a corrupção. Tanto que, ao abandonar o Rio de Janeiro, já no navio que o levaria à Europa, retrucou as queixas do marquês de Paranaguá, seu ministro, de que não tinha como se sustentar, com o exemplo de outro ministro: "Por que não roubou como Barbacena? Estaria bem agora".
No plano pessoal, d. Pedro I tratava as esposas (sobretudo a primeira) e amantes (cinco, contando apenas aquelas com quem teve filhos) de maneira pouco cavalheiresca. Era duro no trato e agressivo no comportamento. Mas, apesar de tantos defeitos, o primeiro imperador acabou sendo um herói à sua maneira, como demonstra Isabel Lustosa. Era amado pelos brasileiros, tinha um real talento jornalístico (se bem que sua gramática e sintaxe fossem pouco canônicas, para dizer o mínimo) e, mais importante, estava sintonizado com os ares do tempo. Pode ter proclamado a Independência num arroubo, mas desafiou as Cortes lusitanas, liderou, na Bahia, uma guerra difícil contra a metrópole e outorgou a mais duradoura das constituições nacionais, que esteve em vigor por quase sete décadas.
Foi, igualmente, um herói na Europa. Apeado do poder no Brasil, foi recebido pelos liberais do Velho Continente como um príncipe americano iluminado, ainda que um tanto exótico. Desafiando os bem-pensantes, formou um exército de mercenários e invadiu Portugal, disposto a recuperar o trono para a filha. A guerra durou três anos e foi sangrenta. D. Pedro só a venceu, derrotando um exército de 80 mil homens, porque a transformou em guerra popular.

  

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O ângulo escolhido por Isabel Lustosa para analisar d. Pedro I foi o do herói macunaímico – aquele sem nenhum caráter. De personalidade turbulenta, mal-educado e chucro, Pedro de Bragança e Bourbon tinha tudo para ser um péssimo governante. Em certo sentido o foi: dizendo-se liberal, exerceu o poder de maneira autocrática, dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, humilhava os aliados e amigos, quando no Brasil se cercou de uma corja de dar medo, e admitia abertamente a corrupção. Tanto que, ao abandonar o Rio de Janeiro, já no navio que o levaria à Europa, retrucou as queixas do marquês de Paranaguá, seu ministro, de que não tinha como se sustentar, com o exemplo de outro ministro: “Por que não roubou como Barbacena? Estaria bem agora”.
No plano pessoal, d. Pedro I tratava as esposas (sobretudo a primeira) e amantes (cinco, contando apenas aquelas com quem teve filhos) de maneira pouco cavalheiresca. Era duro no trato e agressivo no comportamento. Mas, apesar de tantos defeitos, o primeiro imperador acabou sendo um herói à sua maneira, como demonstra Isabel Lustosa. Era amado pelos brasileiros, tinha um real talento jornalístico (se bem que sua gramática e sintaxe fossem pouco canônicas, para dizer o mínimo) e, mais importante, estava sintonizado com os ares do tempo. Pode ter proclamado a Independência num arroubo, mas desafiou as Cortes lusitanas, liderou, na Bahia, uma guerra difícil contra a metrópole e outorgou a mais duradoura das constituições nacionais, que esteve em vigor por quase sete décadas.
Foi, igualmente, um herói na Europa. Apeado do poder no Brasil, foi recebido pelos liberais do Velho Continente como um príncipe americano iluminado, ainda que um tanto exótico. Desafiando os bem-pensantes, formou um exército de mercenários e invadiu Portugal, disposto a recuperar o trono para a filha. A guerra durou três anos e foi sangrenta. D. Pedro só a venceu, derrotando um exército de 80 mil homens, porque a transformou em guerra popular.

  

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