A Vigilância Punitiva: A Postura Dos Educadores No Processo De Patologização E Medicalização Da Infância

A relação entre indisciplina e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem sido muito discutida, atualmente, e se apresenta, corriqueiramente, no âmbito escolar. Porém ainda gera muitas controvérsias, pois há os profissionais que concordam com sua existência e os que discordam

, alegando insuficiência de comprovações científicas.
O interesse na escolha do tema deste trabalho surgiu a partir de acontecimentos vividos ainda na infância, em que foi possível convivermos com a medicina higienista na escola, tanto pela sujeição à higienização – na condição de alunas – quanto por compartilhar, de forma bastante próxima, com médicos que demonstravam inquietações, críticas e discordâncias com relação a essa prática. Sob influência dessas vivências, somadas à atuação profissional ocorrida em lugar propício, essas interpelações já latentes contribuíram para a consolidação desta prática investigativa.
atuação como psicóloga educacional teve início após contratação municipal a pedido da Secretaria da Educação, ocorrida em virtude de uma solicitação feita pela escola de um profissional que pudesse desenvolver um trabalho com crianças ditas "indisciplinadas", pois os educadores tinham a expectativa de que o psicólogo contratado colaboraria avaliando, diagnosticando e posteriormente tratando toda e qualquer criança que apresentasse comportamentos considerados desviantes.
Desde o início, pudemos observar que a instituição tinha como hábito encaminhar crianças ao serviço de saúde quando apresentavam qualquer comportamento considerado pelos educadores como anormal e patológico.
Ao tomarmos conhecimento da situação, verificamos que havia um grande número de crianças encaminhadas por queixa escolar naquele ano, inclusive crianças muito pequenas, as quais se encontravam em tratamentos psicoterápicos e medicamentosos, sendo acompanhadas por diversos profissionais, como psicólogos, neurologistas, psiquiatras, neuropsicólogos, psicopedagogos e afins. Nas cartas de encaminhamento, a queixa principal era sempre a mesma, ou seja, essas crianças eram consideradas pelos professores agitadas e indisciplinadas.
A partir daquele momento, o assunto se tornou extremamente relevante para nós, e embora nesta pesquisa não haja a pretensão de resolver tal problema, temos o dever de lutar por esta causa, pois é visível aos nossos olhos que a problematização de tal tema é urgente e necessária e tais discussões devem ser levadas para fora dos muros acadêmicos, a fim de que a sociedade possa se beneficiar de nossas descobertas e constatações científicas.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

A Vigilância Punitiva: A Postura Dos Educadores No Processo De Patologização E Medicalização Da Infância

A relação entre indisciplina e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem sido muito discutida, atualmente, e se apresenta, corriqueiramente, no âmbito escolar. Porém ainda gera muitas controvérsias, pois há os profissionais que concordam com sua existência e os que discordam, alegando insuficiência de comprovações científicas.
O interesse na escolha do tema deste trabalho surgiu a partir de acontecimentos vividos ainda na infância, em que foi possível convivermos com a medicina higienista na escola, tanto pela sujeição à higienização – na condição de alunas – quanto por compartilhar, de forma bastante próxima, com médicos que demonstravam inquietações, críticas e discordâncias com relação a essa prática. Sob influência dessas vivências, somadas à atuação profissional ocorrida em lugar propício, essas interpelações já latentes contribuíram para a consolidação desta prática investigativa.
atuação como psicóloga educacional teve início após contratação municipal a pedido da Secretaria da Educação, ocorrida em virtude de uma solicitação feita pela escola de um profissional que pudesse desenvolver um trabalho com crianças ditas “indisciplinadas”, pois os educadores tinham a expectativa de que o psicólogo contratado colaboraria avaliando, diagnosticando e posteriormente tratando toda e qualquer criança que apresentasse comportamentos considerados desviantes.
Desde o início, pudemos observar que a instituição tinha como hábito encaminhar crianças ao serviço de saúde quando apresentavam qualquer comportamento considerado pelos educadores como anormal e patológico.
Ao tomarmos conhecimento da situação, verificamos que havia um grande número de crianças encaminhadas por queixa escolar naquele ano, inclusive crianças muito pequenas, as quais se encontravam em tratamentos psicoterápicos e medicamentosos, sendo acompanhadas por diversos profissionais, como psicólogos, neurologistas, psiquiatras, neuropsicólogos, psicopedagogos e afins. Nas cartas de encaminhamento, a queixa principal era sempre a mesma, ou seja, essas crianças eram consideradas pelos professores agitadas e indisciplinadas.
A partir daquele momento, o assunto se tornou extremamente relevante para nós, e embora nesta pesquisa não haja a pretensão de resolver tal problema, temos o dever de lutar por esta causa, pois é visível aos nossos olhos que a problematização de tal tema é urgente e necessária e tais discussões devem ser levadas para fora dos muros acadêmicos, a fim de que a sociedade possa se beneficiar de nossas descobertas e constatações científicas.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog