Chiquinha Gonzaga: Uma História De Vida

Há quem diga que a clareza é a honestidade do filósofo. Não estou absolutamente certo quanto a isto no que se refere à filosofia, mas posso afiançar que tal qualidade do texto é muito desejável em ensaios sócio-históricos. E esta é a grande virtude deste ensaio de Edinha Diniz: um trabalho claro, informativo, sem truques.

Ela se propõe a fazer “o relato da vida de uma mulher incomum, audaciosa, pioneira, talentosa e com uma enorme determinação de vontade” e se justifica:
“A antecipação com que usou a liberdade pessoal faz dela a primeira grande personagem na história do Brasil a não ser uma heroína no sentido oficial; não estava a serviço da pátria, nem da humanidade, nem de um marido. Estava apenas a serviço de si mesma, de suas vontades e desejos. Só que isto não era permitido a uma mulher.”
A personagem em questão é Francisca Gonzaga. Melhor: a Maestrina Chiquinha Gonzaga, que tanto encantou e incomodou a sociedade carioca antes e depois do século. Encantou, porque “quem quiser conhecer a evolução das nossas danças urbanas terá sempre que estudar muito atentamente as obras dela” (Mário de Andrade). Incomodou, porque os padrões familiares do Segundo Reinado, que persistiram até muito depois da República, não comportavam uma sinhá-dona com idéias próprias, movimentação autônoma e, ainda por cima, música profissional. Chiquinha Gonzaga, “trigueira e danada”, rompeu os diques, as barreiras, deixou fluir o dissabor - mas também a glória.
No trabalho de Edinha Diniz - uma biografia com adequado pano de fundo social e histórico -, Chiquinha Gonzaga aparece como uma contrapartida nacional para figuras modelares da inquietação feminina européia, como, por exemplo, Isadora Duncan ou Colette. Abolicionista fervorosa, republicana convicta, antiflorianista mordaz, ela participou intensamente de sua época, enfrentando o escândalo patriarcal, merecendo a frase admirativa de Lopes Trovão: “Aquela Chiquinha é o diabo!”

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Há quem diga que a clareza é a honestidade do filósofo. Não estou absolutamente certo quanto a isto no que se refere à filosofia, mas posso afiançar que tal qualidade do texto é muito desejável em ensaios sócio-históricos. E esta é a grande virtude deste ensaio de Edinha Diniz: um trabalho claro, informativo, sem truques. Ela se propõe a fazer “o relato da vida de uma mulher incomum, audaciosa, pioneira, talentosa e com uma enorme determinação de vontade” e se justifica:
“A antecipação com que usou a liberdade pessoal faz dela a primeira grande personagem na história do Brasil a não ser uma heroína no sentido oficial; não estava a serviço da pátria, nem da humanidade, nem de um marido. Estava apenas a serviço de si mesma, de suas vontades e desejos. Só que isto não era permitido a uma mulher.”
A personagem em questão é Francisca Gonzaga. Melhor: a Maestrina Chiquinha Gonzaga, que tanto encantou e incomodou a sociedade carioca antes e depois do século. Encantou, porque “quem quiser conhecer a evolução das nossas danças urbanas terá sempre que estudar muito atentamente as obras dela” (Mário de Andrade). Incomodou, porque os padrões familiares do Segundo Reinado, que persistiram até muito depois da República, não comportavam uma sinhá-dona com idéias próprias, movimentação autônoma e, ainda por cima, música profissional. Chiquinha Gonzaga, “trigueira e danada”, rompeu os diques, as barreiras, deixou fluir o dissabor – mas também a glória.
No trabalho de Edinha Diniz – uma biografia com adequado pano de fundo social e histórico -, Chiquinha Gonzaga aparece como uma contrapartida nacional para figuras modelares da inquietação feminina européia, como, por exemplo, Isadora Duncan ou Colette. Abolicionista fervorosa, republicana convicta, antiflorianista mordaz, ela participou intensamente de sua época, enfrentando o escândalo patriarcal, merecendo a frase admirativa de Lopes Trovão: “Aquela Chiquinha é o diabo!”

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