Fagocitar Lacan

Alain Badiou elevou sua transferência com Lacan ao reino dos objetos eternos ou, guardou-o em seu “pequeno panteão portátil”.

Alain Badiou elevou sua transferência com Lacan ao reino dos objetos eternos ou, parafraseando o título de um dos seus livros dedicado a uma geração de pensadores franceses (entre eles J.M.L.), guardou-o em seu “pequeno panteão portátil”.

Em lugar de se dirigir ao consultório da rua Lille para que essa estranha forma do amor tenha lugar e logo caia como qualquer objeto submetido ao tempo, idealizou-o a ponto tal de converter Lacan em um Mestre de que podia prescindir (a estrela distante da “Ideia”), assim como se prescinde de um matemático uma vez que este deixou por meio de si uma determinada operação.

Badiou escolheu a elaboração da transferência com Lacan pela via do pensamento filosófico. Se uma análise está destinada a terminar, um panteão filosófico, ou inclusive psicanalítico, está destinado a terminar com o que termina.

Põe-se em jogo aqui aquilo que Lacan chamou em seu seminário sobre a ética da psicanálise de a segunda morte, a morte simbólica que chega como segunda instância da morte biológica, e que informa as posições que se adotam para ler e interpretar uma obra.

A opção de levar Lacan ao panteão para lê-lo sob o viés da eternidade e a luz das estrelas é a mais frequente. Esta opção consiste em extrair de Lacan enunciados teóricos que possam ser elevados ao estatuto de um saber transmissível e imune ao tempo.

A outra opção, a distância do discurso universitário, é lê-lo sob o viés da segunda morte. Dando ao morto que lemos a possibilidade de morrer (sem o horizonte de um panteão).

Este livro está subdividido em três momentos que não respondem a uma propedêutica ou a um critério gradualista de apresentação, mas sim a um tempo de elaboração subjetiva que buscamos, ao menos, não excluir.

O primeiro deles, sob a condição da intervenção de Badiou sobre a época que se abre com a queda dos regimes socialistas, glosa uma região de sua obra que, passando pelo cogito cartesiano e sua subversão lacaniana, manifesta o que seria o enquadre moderno de sua axiomática do sujeito.

O segundo momento, por sua parte, se abre às divergências entre filosofia e psicanálise sem descartar de todo a possibilidade de que exista uma fronteira produtiva entre ambas.

Enquanto que o terceiro momento introduz uma distância intransponível a
respeito do modo em que Badiou fagocita e digere o ensino de Lacan em sua obra.

http://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-pedra-no-caminho-branca/

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Em lugar de se dirigir ao consultório da rua Lille para que essa estranha forma do amor tenha lugar e logo caia como qualquer objeto submetido ao tempo, idealizou-o a ponto tal de converter Lacan em um Mestre de que podia prescindir (a estrela distante da “Ideia”), assim como se prescinde de um matemático uma vez que este deixou por meio de si uma determinada operação.

Badiou escolheu a elaboração da transferência com Lacan pela via do pensamento filosófico. Se uma análise está destinada a terminar, um panteão filosófico, ou inclusive psicanalítico, está destinado a terminar com o que termina.

Põe-se em jogo aqui aquilo que Lacan chamou em seu seminário sobre a ética da psicanálise de a segunda morte, a morte simbólica que chega como segunda instância da morte biológica, e que informa as posições que se adotam para ler e interpretar uma obra.

A opção de levar Lacan ao panteão para lê-lo sob o viés da eternidade e a luz das estrelas é a mais frequente. Esta opção consiste em extrair de Lacan enunciados teóricos que possam ser elevados ao estatuto de um saber transmissível e imune ao tempo.

A outra opção, a distância do discurso universitário, é lê-lo sob o viés da segunda morte. Dando ao morto que lemos a possibilidade de morrer (sem o horizonte de um panteão).

Este livro está subdividido em três momentos que não respondem a uma propedêutica ou a um critério gradualista de apresentação, mas sim a um tempo de elaboração subjetiva que buscamos, ao menos, não excluir.

O primeiro deles, sob a condição da intervenção de Badiou sobre a época que se abre com a queda dos regimes socialistas, glosa uma região de sua obra que, passando pelo cogito cartesiano e sua subversão lacaniana, manifesta o que seria o enquadre moderno de sua axiomática do sujeito.

O segundo momento, por sua parte, se abre às divergências entre filosofia e psicanálise sem descartar de todo a possibilidade de que exista uma fronteira produtiva entre ambas.

Enquanto que o terceiro momento introduz uma distância intransponível a
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