O Documentário De Eduardo Coutinho

Consuelo Lins - O Documentário De Eduardo Coutinho

O cineasta Eduardo Coutinho é decididamente avesso a idealizações em torno do artista, especialmente em relação a si mesmo. Cinema para ele não é inspiração, não é genialidade, não é isolamento. É trabalho árduo, interação com o mundo e reflexão.

Em um debate, mesa-redonda ou entrevista, desde o início se estabelece como que um ritual do diretor, que tenta dissolver qualquer expectativa a seu respeito e reluta em falar sem que haja questões concretas a serem respondidas. Faz isso de modo muito específico, em que um pessimismo-otimista se associa a um bom humor mal-humorado, sedutor e inusitado, que acabou por transformá-lo em personagem do cenário cinematográfico brasileiro. E basta uma simples pergunta para presenciarmos o “pensamento em ato”, tal a vitalidade com que se expressa e discute, sem deixar de marcar inquietações e limites pessoais e defender ardorosamente cada imagem que realizou, cada personagem que filmou, cada corte que fez. Se há uma base comum a seus filmes e sua presença é justamente esse pensamento ao vivo, que recusa idéias prontas, imagens feitas — particularmente se forem dele mesmo.
Assim como não idealiza o artista, Coutinho dissolve os mitos em torno da “arte” do documentário. Recusa-se a lhe atribuir uma aura ou identificar essa prática ao espírito iluminado de poucos privilegiados. Descomplica o processo de filmagem e insiste na idéia de que é possível filmar e experimentar com pouco dinheiro, a partir de um desejo comum de realizar um filme e fazendo uso de tecnologias leves e de baixo custo. Seus documentários nos mostram isso: são filmes que dão vontade de fazer cinema. Talvez seja esse um dos motivos para que esse cineasta que começou a dirigir nos anos 60 atraia hoje tantos jovens interessados no documentário. Suas imagens e falas são fecundas e libertadoras. Abrem um campo de possibilidades e afirmam o cinema como arte cada vez mais impura, aberta ao mundo, à diferença, ao imponderável e ao presente.

https://b-ok.cc/book/5066805/17bdc9

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O Documentário De Eduardo Coutinho

Consuelo Lins – O Documentário De Eduardo Coutinho

O cineasta Eduardo Coutinho é decididamente avesso a idealizações em torno do artista, especialmente em relação a si mesmo. Cinema para ele não é inspiração, não é genialidade, não é isolamento. É trabalho árduo, interação com o mundo e reflexão. Em um debate, mesa-redonda ou entrevista, desde o início se estabelece como que um ritual do diretor, que tenta dissolver qualquer expectativa a seu respeito e reluta em falar sem que haja questões concretas a serem respondidas. Faz isso de modo muito específico, em que um pessimismo-otimista se associa a um bom humor mal-humorado, sedutor e inusitado, que acabou por transformá-lo em personagem do cenário cinematográfico brasileiro. E basta uma simples pergunta para presenciarmos o “pensamento em ato”, tal a vitalidade com que se expressa e discute, sem deixar de marcar inquietações e limites pessoais e defender ardorosamente cada imagem que realizou, cada personagem que filmou, cada corte que fez. Se há uma base comum a seus filmes e sua presença é justamente esse pensamento ao vivo, que recusa idéias prontas, imagens feitas — particularmente se forem dele mesmo.
Assim como não idealiza o artista, Coutinho dissolve os mitos em torno da “arte” do documentário. Recusa-se a lhe atribuir uma aura ou identificar essa prática ao espírito iluminado de poucos privilegiados. Descomplica o processo de filmagem e insiste na idéia de que é possível filmar e experimentar com pouco dinheiro, a partir de um desejo comum de realizar um filme e fazendo uso de tecnologias leves e de baixo custo. Seus documentários nos mostram isso: são filmes que dão vontade de fazer cinema. Talvez seja esse um dos motivos para que esse cineasta que começou a dirigir nos anos 60 atraia hoje tantos jovens interessados no documentário. Suas imagens e falas são fecundas e libertadoras. Abrem um campo de possibilidades e afirmam o cinema como arte cada vez mais impura, aberta ao mundo, à diferença, ao imponderável e ao presente.

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