Cleópatra

A rainha Cleópatra é, indiscutivelmente, com Alexandre Magno e Júlio César, uma das figuras mais célebres da história da Antigüidade. Sua ligação com Júlio César, depois com Marco Antônio, o império que ela sonhou construir para os filhos e simplesmente o fato de ser mulher explicam, em grande parte, essa celebridade.


A maioria dos autores antigos, tributários de uma visão caricatural imposta por Otávio, o vencedor da batalha de Áccio1, fez dela uma mulher fatal, perversa e corruptora. Desde o século XVI, ora reconhecida, ora condenada, Cleópatra transformou-se em figura mítica.
Muitos poetas, dramaturgos, pintores e cineastas, às vezes com muita liberdade, procuraram dar sua visão da personagem. Pode-se dizer que há, hoje, tantas Cleópatras quantas Medéias ou Antígonas2.
Mas o conhecimento que se tem dessa rainha baseia-se, muitas vezes, mais no mito, criado após sua morte, do que sobre os fatos históricos. Assim, Cleópatra aparece como uma figura paradoxal: conhecida por todos devido ao mito criado em torno da sua figura, ela continua sendo, do ponto de vista histórico, surpreendentemente desconhecida.
Basta tomar um único exemplo: quantos sabem que a “egípcia” era, em realidade, uma greco-macedônia pertencente à família dos lagidas ou ptolomeus?
Este livro propõe-se a mostrar quem foi a rainha Cleópatra, distinguindo rigorosamente a personagem histórica da figura mítica.
De que fontes dispõe o historiador moderno para redescobrir a Cleópatra histórica?
Mencionaremos, em primeiro lugar, os autores antigos que não deixaremos de citar nas páginas que seguem.
Plutarco, historiador e moralista de língua grega, nascido em Queronéia (cerca de 50-125 d.C.), descreve o encontro de César e de Cleópatra em sua Vida de César. Ele narra igualmente, na Vida de Antônio, as diversas etapas da relação entre a rainha e o triúnviro até os seus suicídios, cujas evocações constituem verdadeiras peças antológicas.
Segundo o moralista, Antônio, comparado a Demétrio Poliorcetes, é um exemplo a não ser seguido. Plutarco foi muitas vezes criticado por dar demasiada importância a detalhes picantes e anedóticos, destinados a ilustrar seu ponto de vista moral. Em todo caso, ele faz uma descrição muito viva dos últimos anos da monarquia lagida.
Embora tenha escrito mais de cem anos após a morte da rainha, Plutarco teve um conhecimento relativamente preciso dos fatos. Esse grande erudito teve acesso a fontes anteriores, hoje perdidas, e também pôde se beneficiar de testemunhos orais indiretos: como ele mesmo escreve, seu bisavô, Lamprias, foi amigo de Filotas, um médico que fez seus estudos em Alexandria no reinado de Cleópatra e chegou a ser apresentado à corte real.
Portanto, convém não acreditar em tudo, nem suspeitar de tudo sistematicamente.

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A rainha Cleópatra é, indiscutivelmente, com Alexandre Magno e Júlio César, uma das figuras mais célebres da história da Antigüidade. Sua ligação com Júlio César, depois com Marco Antônio, o império que ela sonhou construir para os filhos e simplesmente o fato de ser mulher explicam, em grande parte, essa celebridade.
A maioria dos autores antigos, tributários de uma visão caricatural imposta por Otávio, o vencedor da batalha de Áccio1, fez dela uma mulher fatal, perversa e corruptora. Desde o século XVI, ora reconhecida, ora condenada, Cleópatra transformou-se em figura mítica.
Muitos poetas, dramaturgos, pintores e cineastas, às vezes com muita liberdade, procuraram dar sua visão da personagem. Pode-se dizer que há, hoje, tantas Cleópatras quantas Medéias ou Antígonas2.
Mas o conhecimento que se tem dessa rainha baseia-se, muitas vezes, mais no mito, criado após sua morte, do que sobre os fatos históricos. Assim, Cleópatra aparece como uma figura paradoxal: conhecida por todos devido ao mito criado em torno da sua figura, ela continua sendo, do ponto de vista histórico, surpreendentemente desconhecida.
Basta tomar um único exemplo: quantos sabem que a “egípcia” era, em realidade, uma greco-macedônia pertencente à família dos lagidas ou ptolomeus?
Este livro propõe-se a mostrar quem foi a rainha Cleópatra, distinguindo rigorosamente a personagem histórica da figura mítica.
De que fontes dispõe o historiador moderno para redescobrir a Cleópatra histórica?
Mencionaremos, em primeiro lugar, os autores antigos que não deixaremos de citar nas páginas que seguem.
Plutarco, historiador e moralista de língua grega, nascido em Queronéia (cerca de 50-125 d.C.), descreve o encontro de César e de Cleópatra em sua Vida de César. Ele narra igualmente, na Vida de Antônio, as diversas etapas da relação entre a rainha e o triúnviro até os seus suicídios, cujas evocações constituem verdadeiras peças antológicas.
Segundo o moralista, Antônio, comparado a Demétrio Poliorcetes, é um exemplo a não ser seguido. Plutarco foi muitas vezes criticado por dar demasiada importância a detalhes picantes e anedóticos, destinados a ilustrar seu ponto de vista moral. Em todo caso, ele faz uma descrição muito viva dos últimos anos da monarquia lagida.
Embora tenha escrito mais de cem anos após a morte da rainha, Plutarco teve um conhecimento relativamente preciso dos fatos. Esse grande erudito teve acesso a fontes anteriores, hoje perdidas, e também pôde se beneficiar de testemunhos orais indiretos: como ele mesmo escreve, seu bisavô, Lamprias, foi amigo de Filotas, um médico que fez seus estudos em Alexandria no reinado de Cleópatra e chegou a ser apresentado à corte real.
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