Estado E Classes Sociais Na Agricultura Brasileira

Na formação da agricultura brasileira contemporânea no século XX é possível distinguir dois cortes fundamentais nas condições sociais e mecanismos de geração e apropriação de excedentes agrícolas, e do lugar destes no processo de acumulação de capital.


Em ambas as fases, a particular constelação de relações de forças entre as classes e as formas de estruturação e atuação do Estado serão decisivas para a determinação desses processos.
Um primeiro corte pode ser localizado em fins da década de 1920, quando parte importante da produção agrícola mercantil passa a se orientar para o mercado interno, no começo como simples expressão da crise do setor exportador e logo depois como expressão da expansão e demanda do setor urbano-industrial. Ao nível da produção agrícola, esse processo determinará uma crescente monetarização, mercantilização e especialização da pequena produção e do latifúndio tradicional orientados para o mercado interno, aumentando a oferta de excedentes, fundamentalmente através da expansão horizontal, isto é, do aumento das áreas cultivadas e sem maiores modificações - na maioria dos casos - nos instrumentos de produção utilizados.
O segundo corte, que constitui o foco deste trabalho, afirma-se em meados da década de 1960 e caracteriza-se por uma redefinição das relações entre a agricultura e a indústria a partir do desenvolvimento do complexo agroindustrial. A agricultura passa a se reestruturar a partir de sua inclusão imediata no circuito de produção industrial, seja como consumidora de insumos e maquinarias, seja como produtora de matéria-prima para a sua transformação industrial. Embora se mantenha a transferência de excedentes do setor agrícola, essa transferência é realizada principalmente pela ação do complexo agroindustrial, que passa a comandar os processos de produção na agricultura.
O complexo agroindustrial se transforma num dos elementos centrais no processo de acumulação de capital na medida em que permite:
A) a expansão da produção agrícola, tanto para o mercado interno quanto para o externo, que incrementa a massa de sobre trabalho gerada na agricultura;
B) gerar um novo campo de valorização do capital, de insumos e produtos industriais ligados à agricultura;
C) o incremento de divisas necessárias para a expansão do atual modelo econômico, além de economizá-las através do suprimento das necessidades do mercado interno.

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Na formação da agricultura brasileira contemporânea no século XX é possível distinguir dois cortes fundamentais nas condições sociais e mecanismos de geração e apropriação de excedentes agrícolas, e do lugar destes no processo de acumulação de capital.
Em ambas as fases, a particular constelação de relações de forças entre as classes e as formas de estruturação e atuação do Estado serão decisivas para a determinação desses processos.
Um primeiro corte pode ser localizado em fins da década de 1920, quando parte importante da produção agrícola mercantil passa a se orientar para o mercado interno, no começo como simples expressão da crise do setor exportador e logo depois como expressão da expansão e demanda do setor urbano-industrial. Ao nível da produção agrícola, esse processo determinará uma crescente monetarização, mercantilização e especialização da pequena produção e do latifúndio tradicional orientados para o mercado interno, aumentando a oferta de excedentes, fundamentalmente através da expansão horizontal, isto é, do aumento das áreas cultivadas e sem maiores modificações – na maioria dos casos – nos instrumentos de produção utilizados.
O segundo corte, que constitui o foco deste trabalho, afirma-se em meados da década de 1960 e caracteriza-se por uma redefinição das relações entre a agricultura e a indústria a partir do desenvolvimento do complexo agroindustrial. A agricultura passa a se reestruturar a partir de sua inclusão imediata no circuito de produção industrial, seja como consumidora de insumos e maquinarias, seja como produtora de matéria-prima para a sua transformação industrial. Embora se mantenha a transferência de excedentes do setor agrícola, essa transferência é realizada principalmente pela ação do complexo agroindustrial, que passa a comandar os processos de produção na agricultura.
O complexo agroindustrial se transforma num dos elementos centrais no processo de acumulação de capital na medida em que permite:
A) a expansão da produção agrícola, tanto para o mercado interno quanto para o externo, que incrementa a massa de sobre trabalho gerada na agricultura;
B) gerar um novo campo de valorização do capital, de insumos e produtos industriais ligados à agricultura;
C) o incremento de divisas necessárias para a expansão do atual modelo econômico, além de economizá-las através do suprimento das necessidades do mercado interno.

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