Balanço Da Bossa E Outras Bossas

Indubitavelmente, a eclosão da bossa-nova revolucionou o ambiente musical no Brasil: nunca antes um acontecimento ocorrido no âmbito de nossa música popular trouxera tal acirramento de controvérsias e polêmicas, motivando mesas redondas, artigos, reportagens e entrevistas, mobilizando enfim os meios de divulgação mais variados.


Entretanto, apesar de tudo o que se disse contrária ou favoravelmente a esse movimento renovador, parece-nos não ter sido estabelecida até o momento uma apreciação técnica fundamentada que, através de uma análise minuciosa, permitisse situar melhor os característicos individualizadores das obras compostas dentro de nova concepção musical. É, assim, oportuna a colocação do problema em termos tais que, doravante, o debate possa resultar mais adequado e proveitoso a partir da aceitação ou rejeição das proposições contidas nessa análise.
Como preliminar a uma tal análise, cremos ser conveniente registrar as influências sofridas pela bossa-nova da parte de outras manifestações musicais do populário estrangeiro. Dentre estas, destacam-se, no caso, direta ou indiretamente, o jazz e o be-bop (concepção jazzística surgida mais recentemente).
O be-bop, aparecendo em 1945 aproximadamente, foi a princípio pouco conhecido fora dos Estados Unidos, somente começando a popularizar-se a partir de 1949 no exterior e mesmo na própria nação norte- -americana: transbordara do pequeno círculo de músicos que o praticavam e ganhara a adesão de muitos outros da nova e velha guarda.
Já nesse ano de 1949 e nos seguintes começaram a surgir na música popular brasileira composições que incorporavam alguns procedimentos do be-bop, tanto na estrutura propriamente dita, como na interpretação (onde o influxo se fazia notar de maneira mais acentuada).
Dos Estados Unidos ainda, pouco depois dessa época, procederia uma nova maneira de conceber a interpretação: o cool jazz, designação usada em contraparte a hot jazz. No cool jazz, ao contrário do que sucedia no hot, os intérpretes são músicos de conhecimento técnico apurado e, embora não dispensem as improvisações, procuram dar à obra uma certa adequação aos recursos composicionais de extração erudita.
O cool jazz é elaborado, contido, anticontrastante. Não procura pontos de máximos e mínimos emocionais. O canto usa a voz da maneira como normalmente fala. Não há sussurros alternados com gritos. Nada de paroxismos. Dick Farney, ao surgir em nossa música popular, já canta quase propriamente cool, derivando seu estilo do de Frank Sinatra.

  

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Indubitavelmente, a eclosão da bossa-nova revolucionou o ambiente musical no Brasil: nunca antes um acontecimento ocorrido no âmbito de nossa música popular trouxera tal acirramento de controvérsias e polêmicas, motivando mesas redondas, artigos, reportagens e entrevistas, mobilizando enfim os meios de divulgação mais variados.
Entretanto, apesar de tudo o que se disse contrária ou favoravelmente a esse movimento renovador, parece-nos não ter sido estabelecida até o momento uma apreciação técnica fundamentada que, através de uma análise minuciosa, permitisse situar melhor os característicos individualizadores das obras compostas dentro de nova concepção musical. É, assim, oportuna a colocação do problema em termos tais que, doravante, o debate possa resultar mais adequado e proveitoso a partir da aceitação ou rejeição das proposições contidas nessa análise.
Como preliminar a uma tal análise, cremos ser conveniente registrar as influências sofridas pela bossa-nova da parte de outras manifestações musicais do populário estrangeiro. Dentre estas, destacam-se, no caso, direta ou indiretamente, o jazz e o be-bop (concepção jazzística surgida mais recentemente).
O be-bop, aparecendo em 1945 aproximadamente, foi a princípio pouco conhecido fora dos Estados Unidos, somente começando a popularizar-se a partir de 1949 no exterior e mesmo na própria nação norte- -americana: transbordara do pequeno círculo de músicos que o praticavam e ganhara a adesão de muitos outros da nova e velha guarda.
Já nesse ano de 1949 e nos seguintes começaram a surgir na música popular brasileira composições que incorporavam alguns procedimentos do be-bop, tanto na estrutura propriamente dita, como na interpretação (onde o influxo se fazia notar de maneira mais acentuada).
Dos Estados Unidos ainda, pouco depois dessa época, procederia uma nova maneira de conceber a interpretação: o cool jazz, designação usada em contraparte a hot jazz. No cool jazz, ao contrário do que sucedia no hot, os intérpretes são músicos de conhecimento técnico apurado e, embora não dispensem as improvisações, procuram dar à obra uma certa adequação aos recursos composicionais de extração erudita.
O cool jazz é elaborado, contido, anticontrastante. Não procura pontos de máximos e mínimos emocionais. O canto usa a voz da maneira como normalmente fala. Não há sussurros alternados com gritos. Nada de paroxismos. Dick Farney, ao surgir em nossa música popular, já canta quase propriamente cool, derivando seu estilo do de Frank Sinatra.

  

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