Liberdade: Um Problema Do Nosso Tempo

Em seu estudo, Amana Mattos propõe politizar a ideia de liberdade
abrangendo os sentidos que os jovens lhe dão no contemporâneo.
Assim como Virgínia Woolf, a autora dialoga com cenas da
vida cotidiana e, principalmente, com jovens de “carne e osso”,
apresentando problematizações e questionamentos acerca da ideia
de liberdade predominante nas sociedades contemporâneas. Na
perspectiva liberal, a sociedade é reduzida ao somatório de indivíduos,
e a ideia de progresso associada ao desenvolvimento, bem
como as ideias de mérito e a-historicidade seriam os marcos metafísicos
do ideal de liberdade. Na perspectiva liberal, a liberdade,
em todas as instâncias da vida, não exigiria “um quarto próprio ou
rendimentos anuais”, como projeta Woolf.
O sentido negativo de liberdade, como discutido neste livro,
prepondera e encontra-se presente em diversas dimensões da vida social, entre elas a ciência psicológica. De forma mais específica,
a psicologia do desenvolvimento e suas concepções sobre infância,
adolescência e juventude são marcadas por uma concepção de
sujeito universal e centrado, em desenvolvimento e em iniciação
no mundo adulto-liberal. Ao enfatizar essa crítica, Mattos explicita
dilemas e paradoxos importantes para pensarmos a vida social, a
dimensão do outro e do conflito, a ética e o bem comum. A articulação
de aspectos da teoria política feminista com a concepção de
política como conflito, bem como os questionamentos dos jovens
participantes da pesquisa, possibilitam a problematização da concepção
liberal de liberdade, ajudando a explicitar este paradoxo: a
liberdade é, ao mesmo tempo, uma categoria universal e historicamente
contingente. A autora expressa que a constituição do sujeito
se dá em relação com a sociedade, ao mesmo tempo em que a sociedade
apresenta limites para a individualidade.
Caberia, então, como fez a feminista inglesa, não perguntar pela
natureza ou pela verdade da liberdade, mas perguntar pela condição
de ser livre nas sociedades contemporâneas. Amana Mattos faz um
movimento semelhante em seu trabalho, e este é o segundo aspecto
que me fez relacioná-lo ao ensaio de Woolf. A autora traz uma
contribuição a mais, pois propõe um diálogo entre os pensadores
liberais da liberdade, seus críticos e os jovens do Sudeste brasileiro,
com o intuito de identificar os sentidos que estes dão à liberdade —
e é surpreendente como “filosofam”, expressam esses sentidos em
suas vidas, problematizando a condição juvenil e a sua relação com
a liberdade. Os jovens nos apresentam elementos que dizem de
uma sociedade específica, com uma história colonial, patriarcal, autoritária
e adultocêntrica, marcada por complexidades que também
colocam em tensão a universalidade da noção de liberdade.

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Em seu estudo, Amana Mattos propõe politizar a ideia de liberdade
abrangendo os sentidos que os jovens lhe dão no contemporâneo.
Assim como Virgínia Woolf, a autora dialoga com cenas da
vida cotidiana e, principalmente, com jovens de “carne e osso”,
apresentando problematizações e questionamentos acerca da ideia
de liberdade predominante nas sociedades contemporâneas. Na
perspectiva liberal, a sociedade é reduzida ao somatório de indivíduos,
e a ideia de progresso associada ao desenvolvimento, bem
como as ideias de mérito e a-historicidade seriam os marcos metafísicos
do ideal de liberdade. Na perspectiva liberal, a liberdade,
em todas as instâncias da vida, não exigiria “um quarto próprio ou
rendimentos anuais”, como projeta Woolf.
O sentido negativo de liberdade, como discutido neste livro,
prepondera e encontra-se presente em diversas dimensões da vida social, entre elas a ciência psicológica. De forma mais específica,
a psicologia do desenvolvimento e suas concepções sobre infância,
adolescência e juventude são marcadas por uma concepção de
sujeito universal e centrado, em desenvolvimento e em iniciação
no mundo adulto-liberal. Ao enfatizar essa crítica, Mattos explicita
dilemas e paradoxos importantes para pensarmos a vida social, a
dimensão do outro e do conflito, a ética e o bem comum. A articulação
de aspectos da teoria política feminista com a concepção de
política como conflito, bem como os questionamentos dos jovens
participantes da pesquisa, possibilitam a problematização da concepção
liberal de liberdade, ajudando a explicitar este paradoxo: a
liberdade é, ao mesmo tempo, uma categoria universal e historicamente
contingente. A autora expressa que a constituição do sujeito
se dá em relação com a sociedade, ao mesmo tempo em que a sociedade
apresenta limites para a individualidade.
Caberia, então, como fez a feminista inglesa, não perguntar pela
natureza ou pela verdade da liberdade, mas perguntar pela condição
de ser livre nas sociedades contemporâneas. Amana Mattos faz um
movimento semelhante em seu trabalho, e este é o segundo aspecto
que me fez relacioná-lo ao ensaio de Woolf. A autora traz uma
contribuição a mais, pois propõe um diálogo entre os pensadores
liberais da liberdade, seus críticos e os jovens do Sudeste brasileiro,
com o intuito de identificar os sentidos que estes dão à liberdade —
e é surpreendente como “filosofam”, expressam esses sentidos em
suas vidas, problematizando a condição juvenil e a sua relação com
a liberdade. Os jovens nos apresentam elementos que dizem de
uma sociedade específica, com uma história colonial, patriarcal, autoritária
e adultocêntrica, marcada por complexidades que também
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