As Muitas Vistas De Uma Rua

As Muitas Vistas de Uma Rua é um passeio pelas novas e antigas calçadas da Riachuelo para observar sua arquitetura, uma visita às suas gentes.

As Muitas Vistas De Uma Rua é um passeio pelas novas e antigas calçadas da Riachuelo para observar sua arquitetura, uma visita às suas gentes, seus conflitos, seus afetos e às histórias que compõem as cinco quadras desta rua.

Mas também percorre olhares de diferentes atores responsáveis pelo processo de revitalização e patrimonialização da rua, as inúmeras retóricas de perda e violência produzidas na mídia em torno dela, as narrativas de diferentes pesquisadores sobre seus arredores.

Ruas nos fornecem trajetos, mas elas têm suas próprias trajetórias, suas histórias.

A Rua Riachuelo, uma das mais antigas de Curitiba e localizada no coração desta cidade, viveu diversos momentos: de glória e fervor comercial e político; de declínio, deterioração e esquecimento, de degradação.

Sua história remonta pelo menos até os anos 1820-1830, quando passa a aparecer nas atas da Câmara Municipal, sob a alcunha de Rua Lisboa ou Rua dos Lisboas. Já foi chamada também de Rua dos Veados, Rua do Campo e Rua da Carioca, tendo ganhado seu atual nome, Rua Riachuelo, em 1871, uma homenagem à batalha da Guerra do Paraguai.

Há quem diga que a Riachuelo sempre teve vocação para o comércio, embora tenha sido também o endereço de oficinas, pequenas indústrias e residências de famílias influentes, sobretudo de imigrantes.

Aquelas poucas quadras, que ligavam o então Mercado Municipal (situado na atual Praça Generoso Marques) ao Largo da Carioca da Cruz (atual Praça 19 de Dezembro), estavam muito bem localizadas em relação aos outros espaços que iam surgindo na cidade.

A Riachuelo tornou-se quase passagem obrigatória para quem se deslocava do centro ao Passeio Público, inaugurado em 1886. No ano seguinte, uma linha do bonde vai ligar intimamente a rua à importante Estação Ferroviária e aos seus caminhos de ferro.

Com isso, surgem novas construções e estabelecimentos comerciais na Riachuelo que, na virada do século, contava com um variado sortimento de lojas de calçados, botequins, armarinhos, farmácias, livrarias, barbearias, açougues e casas de secos e molhados.

Ruas são e não são todas iguais. Se, por um lado, elas são apresentadas como pequenas linhas no labirinto indiferente de um mapa urbano, por outro, cada rua tem seus próprios fios de lembranças e esquecimentos, que se ligam ao emaranhado das memórias que compõem as cidades.

Há uma dimensão das ruas que se faz nelas mesmas, cotidianamente, pelas práticas e representações de seus transeuntes, moradores, comerciantes, curiosos e distraídos.

Porém, às vezes, as ruas têm parte de suas vidas decididas em gabinetes distantes ou nos riscos precisos de uma prancheta, por políticos ou técnicos, que nada têm a ver com elas, ou que estabelecem relações institucionais e oficiais com as mesmas.

Há momentos, nas trajetórias das ruas, em que as conexões entre as dimensões, a institucional e a que é vivida cotidianamente, ficam mais evidentes, como nas revitalizações.

Nesses encontros são acionados conceitos, ideias, imaginários, discursos e falas, muitas vezes conflituosos.

Em se tratando da luta pela construção de memórias das cidades, projetos de revitalização e reforma quase sempre acionam também debates sobre patrimônio, nos quais são marcadas posições e disputados saberes e poderes.

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As Muitas Vistas De Uma Rua é um passeio pelas novas e antigas calçadas da Riachuelo para observar sua arquitetura, uma visita às suas gentes, seus conflitos, seus afetos e às histórias que compõem as cinco quadras desta rua.

Mas também percorre olhares de diferentes atores responsáveis pelo processo de revitalização e patrimonialização da rua, as inúmeras retóricas de perda e violência produzidas na mídia em torno dela, as narrativas de diferentes pesquisadores sobre seus arredores.

Ruas nos fornecem trajetos, mas elas têm suas próprias trajetórias, suas histórias.

A Rua Riachuelo, uma das mais antigas de Curitiba e localizada no coração desta cidade, viveu diversos momentos: de glória e fervor comercial e político; de declínio, deterioração e esquecimento, de degradação.

Sua história remonta pelo menos até os anos 1820-1830, quando passa a aparecer nas atas da Câmara Municipal, sob a alcunha de Rua Lisboa ou Rua dos Lisboas. Já foi chamada também de Rua dos Veados, Rua do Campo e Rua da Carioca, tendo ganhado seu atual nome, Rua Riachuelo, em 1871, uma homenagem à batalha da Guerra do Paraguai.

Há quem diga que a Riachuelo sempre teve vocação para o comércio, embora tenha sido também o endereço de oficinas, pequenas indústrias e residências de famílias influentes, sobretudo de imigrantes.

Aquelas poucas quadras, que ligavam o então Mercado Municipal (situado na atual Praça Generoso Marques) ao Largo da Carioca da Cruz (atual Praça 19 de Dezembro), estavam muito bem localizadas em relação aos outros espaços que iam surgindo na cidade.

A Riachuelo tornou-se quase passagem obrigatória para quem se deslocava do centro ao Passeio Público, inaugurado em 1886. No ano seguinte, uma linha do bonde vai ligar intimamente a rua à importante Estação Ferroviária e aos seus caminhos de ferro.

Com isso, surgem novas construções e estabelecimentos comerciais na Riachuelo que, na virada do século, contava com um variado sortimento de lojas de calçados, botequins, armarinhos, farmácias, livrarias, barbearias, açougues e casas de secos e molhados.

Ruas são e não são todas iguais. Se, por um lado, elas são apresentadas como pequenas linhas no labirinto indiferente de um mapa urbano, por outro, cada rua tem seus próprios fios de lembranças e esquecimentos, que se ligam ao emaranhado das memórias que compõem as cidades.

Há uma dimensão das ruas que se faz nelas mesmas, cotidianamente, pelas práticas e representações de seus transeuntes, moradores, comerciantes, curiosos e distraídos.

Porém, às vezes, as ruas têm parte de suas vidas decididas em gabinetes distantes ou nos riscos precisos de uma prancheta, por políticos ou técnicos, que nada têm a ver com elas, ou que estabelecem relações institucionais e oficiais com as mesmas.

Há momentos, nas trajetórias das ruas, em que as conexões entre as dimensões, a institucional e a que é vivida cotidianamente, ficam mais evidentes, como nas revitalizações.

Nesses encontros são acionados conceitos, ideias, imaginários, discursos e falas, muitas vezes conflituosos.

Em se tratando da luta pela construção de memórias das cidades, projetos de revitalização e reforma quase sempre acionam também debates sobre patrimônio, nos quais são marcadas posições e disputados saberes e poderes.

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