Cenas Brasileiras

Cenas Brasileiras - No início do ano de 1927, o Brasil foi visitado por uma celebridade literária, então no apogeu de sua fama. Rudyard Kipling, detentor, vinte anos antes, do Prêmio Nobel de Literatura, pela primeira vez atribuído a um escritor de língua inglesa. Na época de sua premiação e na de sua visita ao Brasil, na última década de sua existência, encerrada em 1936, aos 71 anos, a Inglaterra ainda era a maior potência colonial do mundo.


E Kipling, que fora o romancista e o poeta da dominação britânica nas terras asiáticas, pôde cerrar os olhos na ilusão de que havia celebrado glórias perenes, ao exaltar o estoicismo e a coragem com que os ingleses enveredavam por terras desconhecidas, entre gentes de costumes, línguas e crenças estranhos, desconfiadas e hostis, arcando com os sacrifícios a que num de seus poemas deu o nome de The White Man's Burden (o fardo do homem branco), isto é, a sua missão civilizadora, que implicava na redução de tudo a um denominador comum — o estilo de vida britânico.
Exaltando com fervor o Império 'inglês — a coroa da imperatriz fora aceita pela Rainha Vitória em 1876, um ano antes da comemoração do jubileu de ouro de seu reinado — Kipling estava exaltando a si mesmo e a seus pais. A si mesmo, porque nascera como súdito britânico em Bombaim, em 1865, em pleno esplendor imperial, e fora na índia, escrevendo sobre temas locais, que se fizera escritor e começara a alicerçar sua fama. E a seus pais porque estes, pouco depois do casamento, tinham deixado a Inglaterra para participar da incorporação da Índia à cultura ocidental. Seu prenome era uma expressão do saudosismo paterno.
Fora às margens do Lago Rudyard que John Lockwood Kipling, então um jovem pintor, declarara seu amor a Alice Macdonald, filha de um pastor metodista, que o acompanharia à índia e seria a mãe do futuro escritor. Na índia, o pai de Kipling seria diretor de uma escola de arte industrial e, mais tarde, o diretor do Museu de Belas-Artes de Lahore. Como geralmente acontecia com os filhos dos funcionários coloniais, Rudyard foi mandado, menino de apenas cinco anos e meio, para a Inglaterra, a fim de ser ali educado, sob o cuidado de parentes, em cuja casa ficou como pensionista.

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Cenas Brasileiras – No início do ano de 1927, o Brasil foi visitado por uma celebridade literária, então no apogeu de sua fama. Rudyard Kipling, detentor, vinte anos antes, do Prêmio Nobel de Literatura, pela primeira vez atribuído a um escritor de língua inglesa. Na época de sua premiação e na de sua visita ao Brasil, na última década de sua existência, encerrada em 1936, aos 71 anos, a Inglaterra ainda era a maior potência colonial do mundo.
E Kipling, que fora o romancista e o poeta da dominação britânica nas terras asiáticas, pôde cerrar os olhos na ilusão de que havia celebrado glórias perenes, ao exaltar o estoicismo e a coragem com que os ingleses enveredavam por terras desconhecidas, entre gentes de costumes, línguas e crenças estranhos, desconfiadas e hostis, arcando com os sacrifícios a que num de seus poemas deu o nome de The White Man’s Burden (o fardo do homem branco), isto é, a sua missão civilizadora, que implicava na redução de tudo a um denominador comum — o estilo de vida britânico.
Exaltando com fervor o Império ‘inglês — a coroa da imperatriz fora aceita pela Rainha Vitória em 1876, um ano antes da comemoração do jubileu de ouro de seu reinado — Kipling estava exaltando a si mesmo e a seus pais. A si mesmo, porque nascera como súdito britânico em Bombaim, em 1865, em pleno esplendor imperial, e fora na índia, escrevendo sobre temas locais, que se fizera escritor e começara a alicerçar sua fama. E a seus pais porque estes, pouco depois do casamento, tinham deixado a Inglaterra para participar da incorporação da Índia à cultura ocidental. Seu prenome era uma expressão do saudosismo paterno.
Fora às margens do Lago Rudyard que John Lockwood Kipling, então um jovem pintor, declarara seu amor a Alice Macdonald, filha de um pastor metodista, que o acompanharia à índia e seria a mãe do futuro escritor. Na índia, o pai de Kipling seria diretor de uma escola de arte industrial e, mais tarde, o diretor do Museu de Belas-Artes de Lahore. Como geralmente acontecia com os filhos dos funcionários coloniais, Rudyard foi mandado, menino de apenas cinco anos e meio, para a Inglaterra, a fim de ser ali educado, sob o cuidado de parentes, em cuja casa ficou como pensionista.

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