Linguagem E Psicanálise

A linguagem é onipresente na psicanálise. Linguagem E Psicanálise busca estabelecer possíveis fronteiras − tão permeáveis! − entre os campos da linguagem e da psicanálise e, portanto, de seus inúmeros aspectos de dependência recíproca.
Para tanto, aborda alguns dos conceitos fundamentais de pensadores da área, como Freud, Lacan, Saussure e Jakobson.


A linguagem e a psicanálise são domínios tão contíguos que não é tarefa simples estabelecer um limite entre os dois campos, separados pela mais porosa das fronteiras. A passagem de uma para outra está sempre aberta, basta seguir as fendas do caminho. É o que faremos aqui.
A linguagem humana é o termo entre o eu e o outro. Entre o sujeito que fala e seu ouvinte existe um anteparo, uma proteção, uma espécie de muralha que se ergue, mesmo quando há silêncio. Entre dois seres humanos existe sempre a muralha da linguagem.
Nada há no mundo que não participe da linguagem: a realidade se expressa na palavra e só existe na medida em que se possa dizê-la. A linguagem tem uma existência dinâmica, está em permanente processo de criação por sua multidão de falantes — as forças vivas dos sujeitos que reagem contra a coisificação da linguagem. Essas forças não estão presentes apenas nos poetas, estão enraizadas nas falas de todos.
Os fenômenos simbólicos, como os da linguagem, são fundamentais à vida do espírito e estão relacionados ao inconsciente — a extraordinária revelação de Freud. Por meio da linguagem, a incansável insistência de fazer sentido ancora-se por um tempo, ainda que precariamente. Por meio dela, podemos dotar de significação o mundo e a natureza, ambos de existência enigmática e absurda, pois não são criações humanas.
E, quaisquer que tenham sido o momento e as circunstâncias de seu aparecimento na escala da vida animal, a linguagem deve ter nascido de uma só vez. É pouco provável que as coisas tenham passado a significar progressivamente; o mais plausível é que, após uma transformação (cujo estudo não compete às ciências da linguagem, à psicanálise ou às ciências sociais, mas à biologia), tenha sido efetuada uma passagem de um estágio em que nada tinha sentido a um outro em que tudo tinha sentido.
Esta mudança radical não tem contrapartida no domínio do conhecimento, o qual se elabora lenta e progressivamente. Por isso mesmo, é importante ressaltar que, ainda que tenha havido um momento em que todo o Universo, de um só golpe, tornou-se significativo, ele não se tornou por isso mais bem conhecido.
Mesmo que, certamente, o aparecimento da linguagem tenha precipitado o ritmo do desenvolvimento do conhecimento, há uma oposição fundamental, na história do espírito humano, entre o simbolismo, que oferece um caráter de descontinuidade, e o conhecimento, marcado pela continuidade.

   

 

 

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A linguagem é onipresente na psicanálise. Linguagem E Psicanálise busca estabelecer possíveis fronteiras − tão permeáveis! − entre os campos da linguagem e da psicanálise e, portanto, de seus inúmeros aspectos de dependência recíproca.
Para tanto, aborda alguns dos conceitos fundamentais de pensadores da área, como Freud, Lacan, Saussure e Jakobson.
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A linguagem humana é o termo entre o eu e o outro. Entre o sujeito que fala e seu ouvinte existe um anteparo, uma proteção, uma espécie de muralha que se ergue, mesmo quando há silêncio. Entre dois seres humanos existe sempre a muralha da linguagem.
Nada há no mundo que não participe da linguagem: a realidade se expressa na palavra e só existe na medida em que se possa dizê-la. A linguagem tem uma existência dinâmica, está em permanente processo de criação por sua multidão de falantes — as forças vivas dos sujeitos que reagem contra a coisificação da linguagem. Essas forças não estão presentes apenas nos poetas, estão enraizadas nas falas de todos.
Os fenômenos simbólicos, como os da linguagem, são fundamentais à vida do espírito e estão relacionados ao inconsciente — a extraordinária revelação de Freud. Por meio da linguagem, a incansável insistência de fazer sentido ancora-se por um tempo, ainda que precariamente. Por meio dela, podemos dotar de significação o mundo e a natureza, ambos de existência enigmática e absurda, pois não são criações humanas.
E, quaisquer que tenham sido o momento e as circunstâncias de seu aparecimento na escala da vida animal, a linguagem deve ter nascido de uma só vez. É pouco provável que as coisas tenham passado a significar progressivamente; o mais plausível é que, após uma transformação (cujo estudo não compete às ciências da linguagem, à psicanálise ou às ciências sociais, mas à biologia), tenha sido efetuada uma passagem de um estágio em que nada tinha sentido a um outro em que tudo tinha sentido.
Esta mudança radical não tem contrapartida no domínio do conhecimento, o qual se elabora lenta e progressivamente. Por isso mesmo, é importante ressaltar que, ainda que tenha havido um momento em que todo o Universo, de um só golpe, tornou-se significativo, ele não se tornou por isso mais bem conhecido.
Mesmo que, certamente, o aparecimento da linguagem tenha precipitado o ritmo do desenvolvimento do conhecimento, há uma oposição fundamental, na história do espírito humano, entre o simbolismo, que oferece um caráter de descontinuidade, e o conhecimento, marcado pela continuidade.

   

 

 

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