A Arte De Conhecer A Si Mesmo

Arthur Schopenhauer - A Arte De Conhecer A Si Mesmo

Schopenhauer não escondera de amigos e seguidores a existência de um manual zelosamente guardado que costumava chamar de Eis heuatón - como as célebres memórias de Marco Aurélio.

Depois de sua morte, o executor testamentário, Willen von Gwinner as utilizara para escrever uma biografia do filósofo.


Iniciado em 1821 e continuado nas décadas seguintes, este "livro secreto" era constituído provavelmente por mais ou menos trinta páginas repletas de anotações autobiográficas, recordações, reflexões, normas de comportamento, máximas e citações que Schopenhauer registrara como aquilo que era mais importante para ele, como uma espécie de essência de sua própria sabedoria de vida: as regras de uma arte de conhecer a si mesmo e, ao mesmo tempo, tornar menos difícil a convivência com os outros e a orientação no mundo.

O conhecimento de si é o começo da sabedoria. “Conhece-te a ti mesmo!” (γνθι σαυτóν) é o ensinamento de vida atribuído a um dos Sete Sábios, talvez até um preceito de origem divina para a auto-realização. Estava inscrito na entrada do templo de Apolo em Delfos, o “umbigo do mundo”, o ponto em que duas águias libertadas por Júpiter nas extremidades da terra, e direcionadas para o seu centro, haviam se encontrado.

Ao mesmo tempo é a máxima em que se fundamenta a lição de vida que a filosofia desde sempre pretendeu transmitir: “Todos os homens têm a possibilidade de conhecer a si mesmos”, já afirma Heráclito.

Mas é sobretudo Sócrates quem faz da arte de conhecer a si mesmo o eixo de toda a sabedoria filosófica, como testemunha Platão no Alcibíades Maior, em que o princípio délfico é retomado e transformado na regra áurea do cuidado de si.

Não por acaso, na tradição iconográfica a sabedoria será muitas vezes representada como uma figura feminina que segura na mão o precioso instrumento em que é possível olhar-se e conhecer-se: o espelho.

No entanto, o conhecimento de si é também o erro de Narciso. O vaidoso dobrar-se sobre si, de quem, apaixonado pela própria beleza, vê unicamente a si mesmo e não consegue entrar em relação com a realidade. Nesse sentido, conhecer apenas a si mesmo significa permanecer prisioneiro da própria imagem.

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Arthur Schopenhauer – A Arte De Conhecer A Si Mesmo

Schopenhauer não escondera de amigos e seguidores a existência de um manual zelosamente guardado que costumava chamar de Eis heuatón – como as célebres memórias de Marco Aurélio.

Depois de sua morte, o executor testamentário, Willen von Gwinner as utilizara para escrever uma biografia do filósofo.
Iniciado em 1821 e continuado nas décadas seguintes, este “livro secreto” era constituído provavelmente por mais ou menos trinta páginas repletas de anotações autobiográficas, recordações, reflexões, normas de comportamento, máximas e citações que Schopenhauer registrara como aquilo que era mais importante para ele, como uma espécie de essência de sua própria sabedoria de vida: as regras de uma arte de conhecer a si mesmo e, ao mesmo tempo, tornar menos difícil a convivência com os outros e a orientação no mundo.

O conhecimento de si é o começo da sabedoria. “Conhece-te a ti mesmo!” (γνθι σαυτóν) é o ensinamento de vida atribuído a um dos Sete Sábios, talvez até um preceito de origem divina para a auto-realização. Estava inscrito na entrada do templo de Apolo em Delfos, o “umbigo do mundo”, o ponto em que duas águias libertadas por Júpiter nas extremidades da terra, e direcionadas para o seu centro, haviam se encontrado.

Ao mesmo tempo é a máxima em que se fundamenta a lição de vida que a filosofia desde sempre pretendeu transmitir: “Todos os homens têm a possibilidade de conhecer a si mesmos”, já afirma Heráclito.

Mas é sobretudo Sócrates quem faz da arte de conhecer a si mesmo o eixo de toda a sabedoria filosófica, como testemunha Platão no Alcibíades Maior, em que o princípio délfico é retomado e transformado na regra áurea do cuidado de si.

Não por acaso, na tradição iconográfica a sabedoria será muitas vezes representada como uma figura feminina que segura na mão o precioso instrumento em que é possível olhar-se e conhecer-se: o espelho.

No entanto, o conhecimento de si é também o erro de Narciso. O vaidoso dobrar-se sobre si, de quem, apaixonado pela própria beleza, vê unicamente a si mesmo e não consegue entrar em relação com a realidade. Nesse sentido, conhecer apenas a si mesmo significa permanecer prisioneiro da própria imagem.

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