Comida Como Narrativa

O caldo básico da relação entre comida e memória é a cultura. Desta maneira, podemos compreender que os alimentos não são apenas comidos, mas também pensados. Segundo Brillat Savarin o prazer de comer e o prazer de estar à mesa são duas instâncias que articulam natureza e cultura.


O primeiro envolve a fome, a necessidade, o segundo a reflexão, a inteligência e os requintes da civilização. Ao estarem à mesa, as preferências alimentares renovam-se, recriam-se a partir da convivência.
O que se come, na companhia de quem e o modo de comer expressam o nosso estar no mundo, falam das trocas sociais que estabelecemos e traduzem o grupo cultural que pertencemos.
Ela é apontada como elemento-chave não apenas para a sobrevivência dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de seus componentes, transmissão da cultura, do capital econômico, e das relações de gênero e de solidariedade entre gerações.
O ser humano nos é revelado em sua complexidade: ser, ao mesmo tempo, totalmente biológico e totalmente cultural. O cérebro, por meio do qual pensamos, a boca, pela qual comemos, a mão, com a qual escrevemos, são órgãos totalmente biológicos e, ao mesmo tempo, impregnados de cultura.
Uma tarefa problemática neste estudo é em relação ao material (auto)biográfico no qual se busca o ponto de vista desses indivíduos quando eram crianças e como lembranças da infância de adultos podem servir de fontes para compreendermos as experiências a partir de um ponto inicial escolhido que foi a infância.
Contudo, através da imaginação poética da história do adulto pode-se, às vezes, vislumbrar algo de como é ser uma criança. Numa autobiografia, a parte da infância pode ser lida como o produto de um diálogo entre a criança que o autor foi e o adulto que ele ou ela é então. As memórias de infância não são apenas parcialmente esquecidas, também são parcialmente lembradas.
Contar sua vida não é apenas um diálogo entre escritor e leitor (ou entre contador e ouvinte), mas também entre o narrador e seus “eus” passados. É exatamente este aspecto de diálogo reflexivo que faz dessas narrativas de vida uma fonte concorrida e desafiadora para as ciências sociais.

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O primeiro envolve a fome, a necessidade, o segundo a reflexão, a inteligência e os requintes da civilização. Ao estarem à mesa, as preferências alimentares renovam-se, recriam-se a partir da convivência.
O que se come, na companhia de quem e o modo de comer expressam o nosso estar no mundo, falam das trocas sociais que estabelecemos e traduzem o grupo cultural que pertencemos.
Ela é apontada como elemento-chave não apenas para a sobrevivência dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de seus componentes, transmissão da cultura, do capital econômico, e das relações de gênero e de solidariedade entre gerações.
O ser humano nos é revelado em sua complexidade: ser, ao mesmo tempo, totalmente biológico e totalmente cultural. O cérebro, por meio do qual pensamos, a boca, pela qual comemos, a mão, com a qual escrevemos, são órgãos totalmente biológicos e, ao mesmo tempo, impregnados de cultura.
Uma tarefa problemática neste estudo é em relação ao material (auto)biográfico no qual se busca o ponto de vista desses indivíduos quando eram crianças e como lembranças da infância de adultos podem servir de fontes para compreendermos as experiências a partir de um ponto inicial escolhido que foi a infância.
Contudo, através da imaginação poética da história do adulto pode-se, às vezes, vislumbrar algo de como é ser uma criança. Numa autobiografia, a parte da infância pode ser lida como o produto de um diálogo entre a criança que o autor foi e o adulto que ele ou ela é então. As memórias de infância não são apenas parcialmente esquecidas, também são parcialmente lembradas.
Contar sua vida não é apenas um diálogo entre escritor e leitor (ou entre contador e ouvinte), mas também entre o narrador e seus “eus” passados. É exatamente este aspecto de diálogo reflexivo que faz dessas narrativas de vida uma fonte concorrida e desafiadora para as ciências sociais.

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