Saúde Mental

No campo da formação, encontram-se hoje alguns dos maiores desafios colocados para a Reforma Psiquiátrica. Por tal razão, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais - ESP-MG, através de seu Grupo de Produção Temática em Saúde Mental, realiza este Seminário.


A formação não acompanhou as significativas transformações ocorridas nas últimas três décadas no panorama da Saúde Mental: desconsidera ainda as práticas de cuidado e convívio que hoje oferecem suporte à grande maioria dos brasileiros portadores de sofrimento mental. Quais as razões desse descompasso?
Algumas delas se podem encontrar na forma mesma pela qual nasceram e tomaram corpo as práticas antimanicomiais. Por um lado, a segregação e os maus tratos nos hospitais psiquiátricos não foram denunciados através de proposições científicas, e sim pela coragem e determinação daqueles que os conheceram de perto. Por outro lado, a criação de redes substitutivas ao hospital psiquiátrico tampouco se pôde fazer a partir de referenciais teóricos: como utilizá-los, se as imprevistas questões do cuidar em liberdade não encontravam neles formulação ou registro? Ainda, a luta política foi constitutiva de todo esse processo, pela organização de um forte movimento social.
As transformações propostas por esse movimento, portanto, não se limitam à racionalização ou aplicação criteriosa de recursos, à modernização das técnicas, à humanização dos cuidados. Trata-se sobretudo da ruptura com todo um ideário de normatização e controle, buscando dar às singulares experiências da loucura direito pleno de cidadania.
Nesse processo, torna-se necessário pensar o lugar da ciência no mundo contemporâneo. Ora, indagações de tal gênero não se podem fazer nos termos da ciência mesma: partem das produções da cultura, em que afetos e desejos, ideias e imagens, ficções e fantasias tecem laços com a arte e a criação. Tais produções não se autorizam por regras institucionalmente definidas, e sim por seus próprios efeitos vitais no espaço social onde tiveram origem.
Os saberes assim nascidos teriam então um caráter basicamente empírico e intuitivo, sem relação com o âmbito do conceito? Não nos parece. Nessa trajetória, o estudo, a leitura, a reflexão têm sido de grande importância: a percepção da fragilidade dos discursos pretensamente científicos sobre a “doença mental” é inseparável da busca de referências teóricas mais complexas e férteis para a sua abordagem.

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A formação não acompanhou as significativas transformações ocorridas nas últimas três décadas no panorama da Saúde Mental: desconsidera ainda as práticas de cuidado e convívio que hoje oferecem suporte à grande maioria dos brasileiros portadores de sofrimento mental. Quais as razões desse descompasso?
Algumas delas se podem encontrar na forma mesma pela qual nasceram e tomaram corpo as práticas antimanicomiais. Por um lado, a segregação e os maus tratos nos hospitais psiquiátricos não foram denunciados através de proposições científicas, e sim pela coragem e determinação daqueles que os conheceram de perto. Por outro lado, a criação de redes substitutivas ao hospital psiquiátrico tampouco se pôde fazer a partir de referenciais teóricos: como utilizá-los, se as imprevistas questões do cuidar em liberdade não encontravam neles formulação ou registro? Ainda, a luta política foi constitutiva de todo esse processo, pela organização de um forte movimento social.
As transformações propostas por esse movimento, portanto, não se limitam à racionalização ou aplicação criteriosa de recursos, à modernização das técnicas, à humanização dos cuidados. Trata-se sobretudo da ruptura com todo um ideário de normatização e controle, buscando dar às singulares experiências da loucura direito pleno de cidadania.
Nesse processo, torna-se necessário pensar o lugar da ciência no mundo contemporâneo. Ora, indagações de tal gênero não se podem fazer nos termos da ciência mesma: partem das produções da cultura, em que afetos e desejos, ideias e imagens, ficções e fantasias tecem laços com a arte e a criação. Tais produções não se autorizam por regras institucionalmente definidas, e sim por seus próprios efeitos vitais no espaço social onde tiveram origem.
Os saberes assim nascidos teriam então um caráter basicamente empírico e intuitivo, sem relação com o âmbito do conceito? Não nos parece. Nessa trajetória, o estudo, a leitura, a reflexão têm sido de grande importância: a percepção da fragilidade dos discursos pretensamente científicos sobre a “doença mental” é inseparável da busca de referências teóricas mais complexas e férteis para a sua abordagem.

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