Considerado um dos melhores textos da imprensa brasileira, Joaquim Ferreira dos Santos se consagrou como um cronista desses nossos tempos, hipermodernos, inundados por celebridades, em que o repórter transita fiel as suas mais divertidas idiossincrasias.
O livro Em Busca Do Borogodó Perdido reúne algumas de suas melhores crônicas, implacavelmente reescritas para este volume.
Insinuante, original, o texto de Joaquim traça uma impagável crônica de costumes, em que o autor confessa pânicos modernos e se assusta com o balé dos novos ritos, quando as festas reúnem celebridades transformando-se em bolhas de notícias e assim, pelo olhar atento, também nos ajuda a compreender o que, nem sempre, é autêntico borogodó.
Neste exemplar, que é uma receita de quem entende a alma do negócio, cada palavra e medida, as vírgulas se reviram e, enquanto o coração da alcachofra cozinha, a gente vai percebendo, sutilmente, onde afinal se escondeu o borogodó – e porque precisamos sair correndo atrás, ainda que seja tarde.
Em sua busca proustiana, o repórter que nasceu no subúrbio carioca recupera magias que o tempo apagou – mas sem nostalgia, isso nunca; para Joaquim saudade é só um pedacinho de confete.
Se Freud encucava sobre onde as mulheres colocavam o desejo, Joaquim Ferreira dos Santos quer saber apenas onde elas vão colocar o borogodó. A palavra é antiga, o umbigo da gata na capa muito novo, mas o sentido é o de sempre – para onde caminha a felicidade? Onde está hoje o charme, o it, a manha, o veneno e as novas traduções daquilo que se achava perdido e nunca estará.
O borogodó, essa sonoridade redonda como o corpo das vedetes dos anos 50, essa vogal gostooooooosa como uma madeleine saboreada num quiosque de Ipanema – essa maravilha brasileira, de olhar o futuro debruçado com carinho sobre a varanda do passado, continua em cartaz pelo século 21 afora. O borogodó é coisa nossa.
Pode estar no piercing dourado, no flash que ilumina a vida das celebridades, na vida dos bares paulistas, nos becos de Copacabana, no linguajar fofo das adolescentes, na cinquentona que ainda bate um bolão – e em várias outras cenas que Joaquim, considerado um dos melhores textos da imprensa brasileira, descreve com atualidade e muito humor.